quarta-feira, janeiro 31, 2018

 

O poder desenvolve-se em rede.


Pela sua natureza, o Filósofo vai sempre á frente alumiando os horizontes da vida. Estão publicadas as lições de Foucault do curso que deu em 1976 no Colégio de França, com o título “É preciso defender a sociedade”. Tive a graça de conhecer melhor Foucault por um seu discípulo e também professor do mesmo curso, o meu amigo Prof. Dr. Cândido Agra, fundador da Faculdade de Direito no Porto.
Nessas lições que já li enumeras vezes, sempre aprendendo coisas novas, diz Foucault: “Não se deve olhar para o poder apenas como dominação de um indivíduo sobre outros, de um grupo sobre outros, de uma classe sobre outras. O poder deve ser analisado como qualquer coisa que circula, ou melhor, como qualquer coisa que só funciona em cadeia, em rede. (…) É preciso compreender o poder pelo lado da dominação e não da soberania política ou jurídica, pelas táticas de dominação em rede e clientelares”.
Talvez este caso do Juiz Rangel e outros e do Presidente Vieira se possa compreender melhor, lendo as lições de Foucault e pensando como as redes de dominação e clientelares se apoiam na notabilidade que os “media” vão criando, sem nenhuma justificação ética. Neles está o grande vampiro que se alimenta dos próprios monstros que cria!

sábado, janeiro 20, 2018

 

Façam as reformas, porra!....


Escreveu Klaus Mann: “A barbárie nunca esteve muito longe de nós”. Penso que a consciência desta circunstância traz-nos uma grande responsabilidade. Se é verdade que a natureza humana não é tão boa como pensava Rousseau nem tão má como julgava Hobbes, então o melhor é criar condições para que ela não possa dar largas à maldade que há dentro de si e seja capaz de ser estimulada pelo melhor que nela se encontra.

Bem tudo isto a propósito do que diz, hoje, no caderno do Expresso Jorge Sampaio. Segundo ele “os partidos são pouco activos, somos pouco empenhados, a democracia representativa enfrenta sérios riscos: de credibilidade, em relação à opinião pública, em relação aos cidadãos, ao afastamento dos cidadãos da política, não podemos ignorar isto. (…) Os partidos políticos estão completamente ultrapassados (…) os membros dos partidos pouco passam de 200mil” etc.

O que diz Jorge Sampaio ouve-se todos os dias e todos nós o constatamos! Os partidos tornaram-se grupos de interesses e muitos de nós afastam-se deles como das ruas de má-fama! Já não fazem as mediações necessárias à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Como é possível que Jorge Sampaio com a sua autoridade política e moral não chame o seu partido à atenção para a ruptura que se está a fazer às mediações que os directórios políticos devem operar entre as bases sociais de apoio ao partido e o governo, escolhendo mais de oito governantes para a lista que vai a votos na distrital do Porto?!... Isso acontece na Coreia do Norte, mas não é esse o modelo de democracia representativa que temos! Como é possível que quem já deu notórias provas de ausência de credibilidade seja repetidamente escolhido para ocupar um cargo numa Concelhia?

Não estaremos perto da barbárie, quando, pouco a pouco, vai sendo destruído o melhor que as gerações anteriores deixaram aos partidos? Que travão se coloca a este desmando?

Não há nada mais frustrante para um cidadão (e deveria ser para um militante de um partido) do que ter de concordar com o aforismo: “falam… falam…falam…, mas não fazem nada!...”

A barbárie é a consequência primeira da ausência de valores, mérito, sentido de Estado e honradez, mas o que fazemos para além de meras considerações retóricas sobre esta situação?

Em vez da retórica, aproveitem a autoridade política e moral que têm para promover nos vossos partidos as reformas necessárias à credibilização dos partidos, da políticos e da acção política, porra!...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?