sexta-feira, março 27, 2015

 

Olha-se para a árvore sem ver a floresta!


A depressão é como andar com o ego de cabeça para baixo. E nesta circunstância a razão não entra pela porta principal para encontrar uma resposta para a questão que preocupa um trabalhador que ganha à peça e se aflige com a perda do vencimento que lhe dava uma tarefa que não está em condições de cumprir.

Na porta principal, talvez a razão ditasse a necessidade de sindicalização e por ela lutar solidariamente por melhores condições de trabalho, pelo direito a exercer com dignidade a sua profissão.

Mas, com o ego de cabeça para baixo entrou sozinho pela porta do fundo, não com a razão, mas  com a emoção perturbada pelo sentimento de injustiçado. Não acreditou na solidariedade e tragicamente vingou-se da forma mais monstruosa: esmagou contra a montanha o avião sem avaliar o louco e terrível egoísmo vingativa.

No caldo cultural duma sociedade neoliberal, que tem como critério “usar o trabalhador e descartar-se dele se não dá lucro”,  gera as depressões e as paranóias. Vividas na solidão, encontram sempre a porta do fundo para espalhar a raiva. E pode acontecer que seja desta  forma tão trágica e hedionda como a de estilhaçar o avião com os seus passageiros contra uma montanha.

Será que os empresários começam a perceber que o lucro não é a única finalidade da empresa, que os interesses desta não podem ser apenas os que dizem respeito aos seus proprietários, mas também a quem nela trabalha, que a empresa não pode estar divorciada da sociedade e dos problemas que nela se vive? Será que vão perceber que o desempenho económico não está separado das relações emocionais que se geram, das perspectivas que a empresa cria em quem nela trabalha, dos desafios intelectuais e impactos emocionais e sociais que desenvolve?


Talvez seja de regressar á ideia que foi defendida no século XIX: a empresa tem uma função social. Esta ideia não é comunista: está na “Rerum Novarum” – a Encíclica sobre a condição dos operários, publicada em 15 de Maio de 1891, pelo Papa Leão XIII.


terça-feira, março 24, 2015

 

Um dos maiores poetas do séc. XX

 

Há gente assim, tão pura. Recolhe-se com a candeia
de uma pessoa. Pensa, esgota-se, nutre-se
desse quente silêncio.
Há gente que se apossa da loucura, e morre, e vive.
Depois levanta-se com os olhos imensos
e incendeia as casas, grita abertamente as giestas,
aniquila o mundo com o seu silêncio apaixonado.
Amam-me; multiplicam-me.
Só assim eu sou eterno.

Herberto Helder

(23 Nov 1930 // 24 Mar 2015)


segunda-feira, março 23, 2015

 

Na apresentação do livro do Coronel Fernando de Miranda Monterroso foi agradável sentir que a sua memória mobilizava tanta gente. E é bom que assim seja! Num mundo de anti-heróis, invocar as referências socialmente exemplares é uma forma de reconhecer que vale a pena ser homem, bom, generoso e honesto.

quarta-feira, março 18, 2015

 
Deu-me muito prazer o livro que fiz com o meu amigo, coronel Virgílio Barreto Magalhães, sobre o coronel-médico, Fernando de Miranda Monterroso.


Fizemo-lo com espirito de cidadania e o Presidente da Câmara do Marco apoiou a nossa ideia.

Pretendemos com isso colaborar na celebração do centenário da Primeira Grande Guerra, lembrando um dos  combatentes mais condecorados que viveu no Marco de Canaveses, em Tabuado, e um dos maiores beneméritos do Concelho. Basta lembrar que , para além de ser o primeiro a criar bolsas de estudo para os alunos mais dotados da primária que não tinham possibilidades de estudar (um gesto que foi seguido mais tarde pelo Dr. Arlindo Soares, Presidente da Câmara) construiu, a expensas suas, o Asilo do Marco e entregou-o  à Associação de Beneficência do Marco, hoje Misericórdia.
A sua memória deixou uma divida que o concelho tem o dever de reparar.
O livro será apresentado pelos  Profs.  Drs. Eugénio dos Santos e Rui Nunes, às 15 horas do dia 21 (aniversário do regresso da Flandres do Coronel-médico) no Auditório da Autarquia do Marco.
O livro tem uma introdução de D. Januário Torgal Ferreira e um prefácio do prof. dr. Eugénio dos Santos

Se puder, solidarize-se com esta homenagem e apareça!

terça-feira, março 17, 2015

 

Se não aparecesse o Syriza e o Podemos ainda se continuava a pensar que a Troika criava o nosso destino, teria sida enviada por uma divindade para nos salvar. Pelo menos, tiveram a vantagem de contrariar esse "fatalismo" . Ainda é muito cedo para se avaliar a importância do seu abanão. Mas já se pode dizer que o abalo do paradigma neoliberal pelo Syriza e Podemos é quase semelhante ao que fez Galileu em relação a Aristóteles. E curiosamente, no tempo de Galileu para repudiar a sua teoria, tal como hoje em relação ao Syriza, o pensamento dominante não analisava o que nelas havia de justo ou injusto e só falava das mulheres adulteras que ele pecaminosamente levava para a cama. Os tempos são diferentes, mas as circunstâncias são muito semelhantes.

sexta-feira, março 13, 2015

 

marxista é outra loiça!

A inveja é terível!... Essa direita invejosa não pode ver um marxista com uma mulher bonita, em poses de felicidade e muito sexy. O que ela (direita) queria é que um marxista tivesse um ar de chumbo, uma namorada sem dentes e fosse castrado. Mas não é assim e o que mais lhe custa é começar a perceber que ser de esquerda tem mais encantos, é o lado do sonho, da poesia e da ternura e, por isso, mulheres bonitas e inteligentes gostam de marxistas.
Virem de estilo, copiem Varoufakis e deixem-se de merdas!
http://visao.sapo.pt/entrevista-de-varoufakis-a-paris-match-esta-a-dar-que-falar=f813228

quinta-feira, março 12, 2015

 
O PS está hoje a um ponto do bloco PSD/CDS. É triste e revoltante por duas razões de sensibilidade, bem simples de corrigir.
António Costa não tem sensibilidade para perceber que todos os que são escravizados pela austeridade que a  Troika nos impôs olham para Syriza como quem olha para uma boia de salvação.
António Costa também não percebe que elogiar os chineses, ainda por cima num casino,  é escarnecer dos pequenos comerciantes, que compravam tudo o que vendiam em Portugal, foram levados à falência pelas lojas chinesas que trazem tudo da China pelo preço de uma malga de arroz. Não percebeu que elogiar o investimento chinês é trair os interesses nacionais que levam para os grupos (muitos de tipo mafioso) os biliões de lucros que a EDP dá e bem poderiam ficar em Portugal.
António Costa integra-se no modo de ver a política que alimentou a farsa, não compreende que a política não é um jogo de taticismos, mas um compromisso da razão e dos afectos com os eleitores.
O PS vai caindo, caindo, como demonstram as sondagens. Só esperamos que esses votos que vai deitando fora não fiquem no caixote do lixo de quem fica em casa ou vai para a praia por já não acreditar no sistema político. Tudo temos de fazer para que o tempo seja da esquerda, à esquerda, avançar!

sábado, março 07, 2015

 

Desabafo sofrido.


Temos, hoje, no poder o que houve de pior nas jotinhas: os putos da lábia fácil, que nunca fizeram nada e sempre viveram de truques e de expedientes. Esta gente tornou-se desprezível para o cidadão que vive do seu trabalho, paga os seus impostos e quer uma vida melhor para os seus filhos. A imagem que dão do Estado não é diferente da que é dada pelos países mais atrasados da África, daqueles onde a lei não é respeitada, quem mais vigarizar mais triunfa e não há consequências para a irresponsabilidade. Quem puder que se desenrasque!

Portugal com esta gente tornou-se um “cantinho” mal frequentado. Salvar a dignidade do país e a dignidade dos portugueses obrigaria à demissão do governo, se os imperativos éticos fossem valores que orientassem a vida política e o sentido de Estado. Isso não vai acontecer: temos um Presidente da República cheio de telhados de vidro, uma oposição dominada por antigos jotas sem sensibilidade para perceberem que o pântano se torna insuportável  e está a ter custos tremendos na imagem degradante do Estado e até na segurança dos cidadãos.

Os deputados da oposição podiam demitir-se em bloco, mas fazem contas aos prejuízos que isso poderia ter para as suas “carreiras”, em vésperas de eleições. As forças armadas também não saem dos quarteis, porque o País depende da Nato e da Alemanha. Uma petição para a demissão do governo não teria consequências, mas abanava o sistema e isso já seria bom. Esperamos que apareça e estou ansioso por subscrevê-la!

Não sei como sair desta merda! Se pudesse emigrava para um país onde fosse obrigado a tomar banho quem quisesse andar na política. Gostava de dizer ás minhas netas que falar em governantes não é ter necessidade de apertar com os dedos o nariz e se certificarem de que a carteira não tinha desaparecido. Gostava que elas acreditassem na honra e na dignidade, porque não eram palavras de arremesso, mas valores que orientavam toda a vida do dia a dia, obrigando ao culto da responsabilidade.

Estou velho. Vivi com lágrimas de felicidade o amanhecer das esperanças que Abril trouxe e nunca pensei assistir á degradação moral e política da representação do Estado como se vive hoje. Triste sorte!...

sexta-feira, março 06, 2015

 

O “impeachment” foi declarado a Nixon e a um presidente do Brasil por muito menos. Ninguém pode perceber que o Estado esteja entregue a gente que todos os dias manifesta desprezo pela lei, incapacidade para respeitar os princípios elementares de um estado de Direito e denuncia claramente que não tem capacidade nem estatuto para estar à frente de um governo. A imagem do Estado que está a ser dada pelo governo é de um descalabro deprimente! Se nada for feito pelo Presidente da República, a oposição deveria abandonar o Parlamento.

terça-feira, março 03, 2015

 

É preciso construir um inimigo para ser uma vítima

A campanha eleitoral começou e Passos Coelho tem os seus homens de marketing a dizer-lhe como encenar parecer aquilo que o faz vencer. Ensinaram-lhe a construir um inimigo, porque só com um inimigo pode ser uma vitima. O inimigo é diferente, vive como Sócrates e é feio, uma espécie de bárbaro, do qual a família tem de estar preparada para se defender. Fica vitima do inimigo e, coitado do Passos Coelho, nem é perfeito: só lhe falta um fecho éclair .
E por essa friesta vê-se a fuga às obrigações de contribuinte, gerir a Tecnoforma, vender ilusões e chegar a ministro, construindo um inimigo com todas as semelhanças no que se acha diferente!

segunda-feira, março 02, 2015

 

Para manter os cidadãos portugueses na obscura ideia de que passar fome é a salvação dumas finanças arruinadas por banqueiros, Maria Luís Albuquerque pressiona Bruxelas para que o povo grego continue na miséria, não ceda ás pretensões de Syriza.

É terrível, se não fosse ainda ridícula a posição que a seguir toma Passos Coelho e Portas. Perante o protesto de Alexis Tsipras, o Governo  queixa-se, como “bom aluno mimando” e Bruxelas responde-lhe: ganhem juízo, a Comunidade Europeia não foi feita para queixinhas.

E não poderia dizer outra coisa: ninguém se pode esquecer que Maria Luís Albuquerque foi o troféu da Troika, erguida por aquele ministro alemão que gostava de estender o braço, para impor a miséria, o desemprego, a emigração forçada, o pôr velhos contra novos, deixar morrer gente nos corredores dos hospitais, levar a suicídios, esfrangalhar o sistema educativo, de prestação de saúde,  segurança e até do funcionamento das instituições; em suma, destruir um País e até a sua própria dignidade.

Esta gente quer para a Grécia o mesmo que quer para Portugal e este criminoso cinismo não deveria ser perdoado!

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