sexta-feira, dezembro 31, 2010

 

Sem Eira nem Beira @ Xutos & Pontapés @ TVI 2009



Senhor Engenheiro é, para mim, em 2010,  a excelente bandeira de luta contra os chicos-espertos. Antes que o ano termine, aqui fica a minha homenagem aos Xutos & Pontapés e um grande abraço ao meu amigo Kalú

quinta-feira, dezembro 30, 2010

 

Hino Independente.wmv


Se um político não é um homem, será tudo menos um político. Um homem não pensa só com o cérebro, não é um mero profissional da retórica. Como se sabe a palavra é o veículo da mente.



É necessário que o político pense com todo o corpo, com as mãos quando auxilia um necessitado, com o coração quando sofre com os dramas, com os pulmões quando suplica bem alto pela ajuda, com o sangue quando ferve com as injustiças, com o tutano dos ossos quando corre para minimizar uma aflição, com os olhos quando percebe que todo o homem procura um horizonte de felicidade.


Pode ser que tenhamos candidatos de talento para a economia, para a palavra, mas isso não significa que não sejam estúpidos de sentimentos e imbecis de moralidade. A economia se não gera felicidade é uma maleita do egoísmo e a palavra mesmo bem elaborada num tom poético se não brota da humildade é um adorno que tanto ilustra um castelão como um índio.


Precisamos de mudar de paradigma e escolher para nosso Presidente quem faça da política um testemunho de vida do corpo, da alma, do coração, dos pulmões, do sangue (do nosso sangue), do tutano dos ossos.


Fernando Nobre é o único que nos garante, por experiência feita, que é o único que se situa num outro paradigma: coloca a política no mundo da vida.


Será que somos tão estúpidos que queremos continuar mais no mesmo?!... Esta é a minha opinião. Ninguém se ofenda!

quarta-feira, dezembro 29, 2010

 

Precisamos de um Presidente que saia deste paradigma

Cavaco Silva e Manuel Alegre preencheram a série de debates na TV. Aos quesitos mais importantes (dissolver o Parlamento, resolver o buraco do BPN, promover o desenvolvimento económico, atacar a corrupção, corrigir as desigualdades abissais entre ricos e pobres, pôr a funcionar a justiça, etc.) ficou-se a saber o que já se sabia: nada.

Debateu-se também a questão das escutas para ficar a saber-se o que se sabia dantes: nada.

Em relação à intervenção do FMI ambos estiveram contra e eu começo a duvidar.

Felizmente acabou esta telenovela.

Precisamos de eleger um candidato que saia deste paradigma, que leve a política para o mundo da vida e a sinta nos que sofrem, nos desempregados, nos agricultores, nos operários e não apenas nas agências de raking ou nos mercados financeiros.

Precisamos de eleger Fernando Nobre.

 

A propósito da Homofobia

Kant dizia que o HOMEM é o fim de todas as coisas.


O significado desta expressão tem sido bandeira de revolucionários, de humanistas e de religiosos que recusam que o HOMEM seja tratado como um meio.


Na tradição bíblica O HOMEM é princípio e fim de todas as coisas, porque foi feito à imagem de Deus.


Para o Filósofo, ser fim de todas as coisas, significa que o mundo só o é, quando existe numa consciência. Só o Homem, pela consciência, torna a realidade material e imaterial, os seus estados mentais e afectivos existentes.

Sem consciência nada tende para a existência. Consciência e finalidade são a mesma coisa.


Mas se o homem é consciência de si e do mundo, o que há de mais importante no HOMEM é a sua IDENTIDADE. A identidade e a personalidade são a mesma coisa. Sou aquilo que sou.


Vive-se na recordação e pela recordação compreendemos que a memória faz com que na continuidade sejamos os mesmos.


Pedir a um homem que seja diferente do que é, é pedir-lhe que se faça outro, é pedir-lhe que deixe de existir (saia do mundo).


O homem também é os seus valores: há valores do afecto e há valores da razão.


Os valores do afecto prendem-se com o desejo do bem de outrem.


A religião apela a esses valores, quando nos diz «é preciso amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos».


O egoísmo não tem aqui sentido, a não ser que o diluamos no princípio da igualdade: tratar os outros como gostamos de ser tratados.


Estes valores suplantam os valores da razão. Nada têm a ver com o objectivável, o avaliar o mundo e as coisas. Posso, a nível da razão, desprestigiar uma coisa, mas a nível do afecto dar-lhe um sentido enorme (foi-me oferecido pela minha mãe e isso tem todo o valor para mim).


Para os valores afectivos não valem razões. As razões nada mais são do que razões, nem sequer se pode dizer que sejam verdades. Por isso, precisamos de dialogar para encontrar as melhores razões que se tornem denominadores comuns e nos aproximem da verdade.

É destas considerações que se gera o HUMANIMO: respeitar o HOMEM no que ele é, no seu direito a ser o que é, a não se destruir para ser outra coisa ou ser o que queremos que ele seja.

Ficaria triste se tivesse um filho homossexual, mas respeitaria o ter-se reencontrado com aquilo que fazia a sua personalidade, o tornava no que é.

A homofobia é um preconceito insidioso, discriminatório, desumanizante e semelhante á xenofobia e ao racismo.


Os psicólogos dizem que é uma forma de diabolizar algo em nós escondido. Talvez fossem essas as razões de Hitler para perseguir os homossexuais.


Detesto as considerações homofóbicas como detesto o nazismo. Elas também recusam que o homem tenha o direito a ser o que é, a existir: ou é outra coisa ou é exterminado.


Bem podemos aproveitar o Dia dos Reis para celebrar os valores do afecto. Visitar um amigo (Jesus, recém-nascido, recebe a visita dos Reis Magos) não é apenas um acto de cordialidade, mas um valor do afecto, diz respeito à amizade, ao bem que se quer para o outro (que se visita).


Um bom Dia de Reis para todos.


Digamos NÃO à homofobia, ao racismo e o nazismo.

terça-feira, dezembro 28, 2010

 

Precisamos de um Presidente da República à altura dos nossos problemas.


Mais do que nunca é preciso um Presidente da República liberto dos vícios do passado;


Mais do que nunca é preciso um Presidente da República mais determinado na acção que na retórica;

Mais do que nunca precisamos de um Presidente da República que não tenha as perversidades do cargo;

Mais do nunca precisamos de um Presidente da república que não obedeça às lógicas partidárias;

Mais do que nunca precisamos de um Presidente da República que não obedeça ás oligarquias que tomaram conta dos partidos;

Mais do que nunca precisamos de um Presidente da República com outro paradigma: que olha para a política como um exercício gerador de confiança, que se situe no mundo com independência, que entenda o poder como um serviço, que defenda que um bom governo é o que diminui o sofrimento dos que mais sofrem e não o que torna mais felizes os que já muito têm, que vê a democracia como um sistema sempre aperfeiçoável, gerador de diálogo, sentido de bem-comum, que seja capaz de aprender com os erros, de substituir a propaganda pelo rigor e que dê voz aos esquecidos pelo poder.

Entre todos esses candidatos só há um que oferece pelo testemunho da sua vida essas garantias: não faz parte das oligarquias que nos dominam, é capaz de galvanizar os portugueses, promover o espírito de corpo que cria a confiança necessária a um desígnio colectivo e fazer-nos crer que somos como os outros e que temos a mesma capacidade de criar riqueza, ser fraternais, ter esperança no Futuro, viver em segurança e gerar qualidade de vida que necessitamos.

Esse candidato só pode ser o que oferece um testemunho de vida em coerência com o que diz, que conviveu com os que sofrem, conheceu as situações dramáticas, superou as burocracias e soube dar a mão aos que mais precisavam.

Mais do que nunca precisamos de Fernando Nobre na Presidência da República.

E é possível levar Fernando Nobre à presidência da República, desde que nos libertemos das frases feitas, do pensamento correcto, do politicamente dominante, do fatalismo das sondagens.

Se no interior da nossa própria consciência abrirmos um espaço para ouvir a liberdade, naturalmente ela inclinar-nos-á para o melhor, para a cruzinha que tem ao seu lado Fernando Nobre.

Ser livre é escolher o melhor e o melhor está onde mora a solidariedade, a política como um serviço, o sentido de Estado como defesa do bem-comum, das preocupações com a justiça, a determinação, a fraternidade, a confiança; em suma, Fernando Nobre.

E outro Portugal renascerá!

De contrário, continuaremos a ouvir a lábia do costume e a situar-nos entre o lodaçal e as meias-tintas.

 

Paradoxos da Justiça.

O presidente da Associação Sindical dos Juízes faz, hoje, duras críticas ao Governo e ao Partido Socialista. A crítica é o ácido que corrói os erros, mas tem de ser argumentativa.


Há questões que não têm a força de argumento, como, p.ex. os processos de intenções. É que se revestem de uma forma de vitimização e quem se vitimiza não disputa uma razão mas a misericórdia.

Penso que este Governo foi o pior desde o 25 de Abril: nada tem a ver com o ideal socialista, é incompetente e não tem sentido de Estado. Mas também penso que na história, o sistema judicial esteve geralmente com o poder e foi geralmente intolerante para com os mais frágeis da sociedade. Isso viu-se claramente nos Tribunais Plenários.


Mas depois do 25 de Abril não poderei esquecer que denunciei com factos (e não com intenções) as ilegalidades do Avelino Ferreira Torres, ex- presidente da Câmara do Marco, e o M.P. acusou-me de “saber que não falava verdade nas acusações que fazia”, coisa que nem me passava pela cabeça. Depois veio-se a provar que o M.P. estava enganado.

Mas, entretanto, o exercício de um direito cívico (o de criticar) trouxe (a mim e a outros) muitas complicações, desde ameaças, tempo perdido à espera de ser ouvido no Tribunal e outras.

Até, hoje, nunca compreendi as razões em que se apoiou a acusação do M.P. e considero que essa forma de acusação foi levada por um preconceito relativamente aos que criticam o poder. Mas não era bom que só por interesses corporativos esse preconceito se perdesse.


Defendo os Juízes e os Procuradores, porque precisamos deles para que se faça justiça e as regras de convivência não sejam letra morta.

Mas, se os magistrados não lutarem pela sua credibilidade, a justiça não funciona. E não são as considerações do Presidente do Sindicato dos Juízes (estrutura estranha para organizar quem se diz pertencer a um órgão de soberania) que, continuando nesse estilo podem credibilizá-los.

Estão mais viradas para os privilégios e não para servir as expectativas criadas pelos que precisam de justiça.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

 

É simplesmente escabroso!

Por decisão dos partidos (que estão na Assembleia e no Governo) as multas (por ilegalidade, incumprimentos, etc. nas contas dos partidos) impostas pelo Tribunal de Contas, passam a poder ser devolvidas. É como pudessem deduzir a multa no IRS.



Os partidos (criados para defender uma bandeira ideológica) são, hoje, um grupo de interesses, sem vergonha.


Neste momento de “assalto” ao bolso dos contribuintes para resolver a crise da “bolha” causada pelo do livre mercado que levou as instituições financeiras a emprestarem dinheiro, pelo processo vigarista de transferências sem fundo (o que os partidos deveriam saber controlar); essa medida aprovada pelos partidos é obscena e denuncia, à evidência, a falta de moral dos seus líderes.

Não se importam de criarem para si privilégios ao mesmo tempo que cortam no IRS as deduções nos remédios, na saúde, na educação, na protecção á maternidade, à infância, à velhice, etc.?


É simplesmente escabroso! Precisamos de lutar contra esta pouca vergonha, exigindo que os partidos saibam dar o exemplo no cumprimento da lei e a ter um tratamento fiscal igual ao dos cidadãos.

domingo, dezembro 26, 2010

 

Vinícius de Moraes, in "Poema de Natal", por ele mesmo.


Um poema que entra em nós como a saudade de quem já viveu o Natal com os que muito amava, mas definitivamente se despediram. Um poema que deixa os olhos aguados.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

 

Amanhã é Natal

Amanhã, no Semanário Grande Porto, será publicado este texto que escrevi:

A festa de Natal é uma das mais belas e fraternais celebrações da humanidade: é a festa dos afectos, do encontro com a saudade da família, dos amigos e até dos locais por onde crescemos, amamos e nos tornamos homens.

Tem origem na distante Idade Média, por volta do séc. III. O dia terá sido fixado pelo Papa Júlio I, contrapondo a celebração do nascimento de Jesus à festa pagã do solstício de Inverno, a festa do deus Mitra. Esta divindade, de origem persa, era muito popular. Acreditava-se que se tinha aliado ao Sol para obter o calor e a luz que faziam com que as raízes das plantas rompessem a terra e florissem.

 É um pouco o que representa o Natal. Conta a Bíblia que um anjo anunciou a Maria que daria à luz Jesus, o filho de Deus, que viria ao mundo para salvar os homens. Tal como a terra tem de proporcionar boas condições para permitir que a semente floresça, a Mãe de Jesus teria de garantir as condições necessárias ao crescimento do seu Menino, para que Ele fosse, como refere a Bíblia, exemplo, caminho e vida de um mundo mais justo e mais humano. E este horizonte de sentido é vivido em cada Natal como um mistério insondável, pois, como dizia Leonardo Coimbra na sua obra “Jesus”: «Ele sabe esperar, fazer-se oculto, pequeno, humilde, companheiro e amigo, para dar às almas o exemplo da sua vida, o calor das suas certezas, o infinito afago do seu coração transbordante».

O Natal ganhou, assim, um significado de incomensurável riqueza. Associa-se à ideia de luz que dá esperança ao futuro, de mãe que sabe proteger os seus filhos, de espírito de solidariedade que vive da rede de afectos e de magnanimidade que nos torna humildes, generosos, autênticos e justos. E Natal é tudo isto, quando significa romagem à Terra que nos viu nascer, crescer e fazer amigos; quando nos abre aos valores da família, da solidariedade, da generosidade e da justiça; e quando nos faz magnânimos perante adversários e desprotegidos.


Vivemos uma época contrária ao espírito do Natal e essa é a nossa maior crise. Valoriza-se mais o dinheiro que o ser humano. Surgem bolsas de miséria no coração da abundância, o egoísmo cavou a indiferença pelo bem-comum e a hipocrisia, a arrogância e a venalidade moldaram o homem de sucesso do nosso tempo: o chico-esperto.


Precisamos de renovar o significado do Natal para reencontrar o rumo que humanize as nossas vidas, nos torne autênticos, faça luz sobre o nosso futuro colectivo e dê esperança aos mais desprotegidos, aos que vivem numa “miséria imerecida”.


São estes os nossos votos no dia de Natal.

 

POEMA DO MENINO JESUS


terça-feira, dezembro 21, 2010

 

A noite anoiteceu nesse dia de Natal



A noite anoiteceu. São 19h e 15m e a canção de Bethánia veio-me à memória. E ao beber a letra desta canção, lembrei-me de ter falado da grandeza de Bethánia, do seu estilo e  das suas vibrantes melodias,  ao meu sobrinho André. A noite anoiteceu. Também Assis Valente que criou esta canção viu nela o seu bilhete de despedida. E alguns dias depois, em alturas bem distantes, tanto um como o outro, partiram por vontade própria, sem dizer adeus. A noite anoiteceu. Estavamos perto da noite de Natal.

 

Parabéns, Carlos do Carmo pelo seu aniversário.


 

Precisamos de lutar contra a corrente.

A mesma água não corre duas vezes debaixo da mesma ponte. Manuel Alegre poderia entender isso. O BE também o poderia entender, mas convencido que o PS teria de apoiar o seu candidato contou com a “boleia” para chegar ao poder.


Manuel Alegre declama muito bem, mas não convence. Transformou a sua candidatura num ataque a Cavaco Silva, mas os eleitores o que querem saber é como se poderá cultivar os campos e pôr as fábricas a produzir, porque o desemprego e a miséria crescem e até o que comemos é importado.


Insistem que o problema do País é financeiro, mas esse é o problema dos bancos.


Também não é só um problema do deficit, este é o de tirar a gordura do Estado, pô-lo a gastar menos do que pode.

O nosso problema essencial é o do desenvolvimento, o de pôr a cultivar os campos, a produzir as fábricas, a diminuir o desemprego, a funcionar a justiça, a pôr a funcionar o serviço de saúde, a colocar a escola a formar profissionais competentes e cidadãos responsáveis e combater, sem tréguas, a corrupção.

É sobre tudo isso que deveriam falar os candidatos à presidência da república. Não é porque eles vão governar, mas porque precisamos de saber em que sentido vai a magistratura de influência de cada candidato. De Fernando Nobre, conhecemos, pelo seu testemunho de vida, o que poderá fazer, mas nada podemos esperar de um candidato que declama muito bem, mas não cumprimento os seus companheiros de bancada, ou do seu sósia que apenas faz o papel de um duplo, sem ideias originais e, ainda, do outro que assistiu ao deslize de Portugal para a bancarrota e nada fez, para além de um tímidos avisos, em sentido contrário.


As sondagens não votam, mas indicam que o sentimento maioritário dos eleitores vai no sentido do pior. Este povo é assim: nunca luta contra o desânimo e deixa-se levar para uma vida que não merece. Era preciso que lutasse contra a corrente.

sábado, dezembro 18, 2010

 

UMA CARTA AO PAI NATAL


sexta-feira, dezembro 17, 2010

 

Fernando Nobre marcou neste debate com cavaco Silva

No debate entre Cavaco Silva e Fernando Nobre ficou claro: Cavaco Silva é um bom jogador, mas não joga; previu tudo, mas não conseguiu evitar nada; nem sai de cima, nem deixa…. Tudo em nome da Constituição.

Além disso, fez tudo para evitar uma coisa terrível -- a não aprovação do orçamento. Mas não conhece o seu conteúdo, embora esteja convencido que é muito mau — o que é digno de ficar registado numa antologia da especialidade.


Alguns economistas disserem que não havia drama nenhum em vivermos com duodécimos, sem orçamento. Se o orçamento é o bem que Cavaco trouxe ao País, mais valia não sair de casa para trazer tal bem.


Fernando Nobre sublinhou que defende uma sociedade em que o homem seja o fim último de todas as coisas e, por isso, como Presidente da Republica intervirá o mais que puder para evitar que o homem apenas um instrumento dos mais poderosos.


É também, por isso, que voto Fernando Nobre e me marimbo para os comentadores do serviço estabelecido e bem pago (pela ordem estabelecida)

terça-feira, dezembro 14, 2010

 

O princípio da desconfiança

«Nos últimos tempos, José Sócrates saiu do esconderijo onde se protege do opróbrio de ter metido o país na bancarrota, pela única razão que normalmente o motiva a mostrar-se: comemorar e recomemorar um feito, uma percentagem. Aqui, a subida dos nossos alunos nos testes PISA de 2009. Ofereceu dois dias de entrevista ao Diário de Notícias. E exclamou, ufano: "É a prova de que os nossos alunos sabem mais."


Percebe-se. Mas ao mesmo tempo, pesando o histórico deste Governo em todas as modalidades de manipulação estatísticas e outras, perceba-se também a nossa prudência em julgar a façanha governativa. Não somos injustos. Somos isso mesmo: desconfiados.


Em democracia devemos desconfiar dos governos em geral e em Portugal, neste ano da graça de 2010, tudo recomenda que desconfiemos a dobrar. Antes de crenças, é da mais elementar prudência não deixar pedra por virar.


O Governo apresenta motivos plausíveis para sustentar que o estado da educação não é o que dizem oposições e alguns peritos. Consideramos, porém, contra essa argumentação, desde logo, que os alunos testados pelo PISA de 2009 não foram abrangidos pelas políticas educativas mais emblemáticas de Sócrates e de Maria de Lurdes Rodrigues. Mas devemos ir mais longe. Corramos as desconfianças até ao fim e analisemos a informação toda. E é aqui que batemos no segundo obstáculo: conhecemos o método aplicado, mas não sabemos as escolas indicadas pelo Governo tanto para a amostra de 2006 como para a de 2009. E, como lembrou há dias na blogosfera o especialista em Educação Paulo Guinote , precisávamos de conhecer esses dados em concreto, não só para podermos comparar 2006 com 2009, mas também para saber que critérios presidiram à amostra.

Infelizmente, nem o Ministério da Educação nem a OCDE afirmam ter condições para disponibilizar esses elementos. Ao email que enviei ontem para a OCDE sobre este ponto, foi-me respondido que a divulgação das escolas incluídas no projecto PISA é da competência exclusiva do Governo português. Pela sua parte, segundo notícias saídas na imprensa, o Ministério da Educação tem afirmado não as poder divulgar devido a um "acordo de confidencialidade" com a OCDE (a OCDE não confirma, pelo menos não me confirmou a mim, a existência desse "acordo de confidencialidade"). E não vejo aliás que suposto acordo confidencial entre o Governo e uma organização internacional pode impedir o Parlamento e qualquer cidadão de exigirem do Governo toda a informação pública relevante. Quais as razões que justificariam o segredo?

Por tudo isso, a pertinência de conhecermos estes elementos parece-me indiscutível já tentei apurar directamente junto do Ministério da Educação a sua resposta (fi-lo tarde, após ter recebido a resposta da OCDE, e por isso aguardo). Não vejo razão para que essa informação nos seja negada. Não vejo justificação admissível para tanto secretismo.

Podemos intuir que a selecção das escolas abrangidas pelos testes foi feita com mais cautela, porventura para que os resultados fossem melhores do que em 2006. Mas era preciso sair da intuição e analisar factos sólidos e contratos e saber quais foram. Como também afirma Guinote, mais do que demonstrar a teoria de uma conspiração que pode não ter existido, interessa-nos dispor dos elementos que permitam formar uma opinião esclarecida.

Até lá, cumpramos a nossa obrigação democrática de desconfiar. De todos os governos, e deste muito em particular. Não acusamos ninguém de manipulação. Queremos só saber se de facto avançámos ou se mudaram apenas a amostra. Sem transparência, não contem connosco para os festejos». Jurista

Público, 2010-12-14 Pedro Lomba

quinta-feira, dezembro 09, 2010

 

A corrupção faz-se tranquilamente

Não sei se há mais corrupção nestes últimos anos que em anos anteriores.


Segundo o relatório de combate à corrupção 1 em 4 indivíduos praticou, no último ano, actos de suborno. Não é referida a qualidade desse suborno, nem as consequências para o bem-estar das futuras gerações que o mesmo tem.

Sei que nas autarquias as alterações aos planos directores municipais (com consequências ambientais a todos os níveis) têm sempre (ou quase sempre) como motivação favorecer os patos bravos que, comprando terrenos ao desbarato, passam, depois, a fazê-los render milhões, com construções de habitações. Muito deste dinheiro fica nos partidos (vai para as campanhas, geralmente) e uma outra fatia entra no bolso do responsável pelas alterações.


Conheço uma pessoa que, no reinado de Ferreira Torres, no Marco de Canaveses, denunciou a suspeita desta situação. Chama-se Prof. Gil Mendes . Com isso só teve problemas, desde ameaças, cartas anónimas e até apanhou uma soba no próprio gabinete do, então, presidente da câmara.

Nenhum partido o apoiou. Não me admira, por isso, que no relatório referido, os partidos apareçam como as instituições mais corruptas e as acções dos Governos pouco ou nada eficazes.

Neste País os corruptos gozam de uma vida tranquila: são os chicos-espertos do sucesso.

Como contrariar esta situação? Só vejo uma solução: votar em branco e exigir reformas que tornem este voto num voto útil, com consequências práticas.

Coloquei na internet uma petição (http://www.peticaopublica.com/?pi=JBM ).

quarta-feira, dezembro 08, 2010

 

Renascer

http://o-renascer.blogspot.com/ é o blog do compadre e amigo Lemos Costa. Poucos entenderão a alegria que sinto em referir este blog.

Lemos Costa foi o fundador do "incursões", um blog ligado às questões jurídicas. Vivi com ele momentos de grande prazer e indiscritíveis preocupações. Que alegria sinto em vê-lo renascido.

Um abraço, Lemos Costa.

 

Diabolizam-se sindicatos e trabalhadores

A culpa da crise já não é global, dos bancos, da jogatina virtual, da ganância do Lucro. Agora, a culpa é local e só de uma classe: os trabalhadores. Diabolizam os sindicatos e quem trabalha. Pretendem o retorno à barbárie, aos tempos da “miséria imerecida” do começo da industrialização. Os mexia que vagueiam por aí são um exemplo desta paranóia e Sócrates um dos arautos deste “novo/velho tempo”.

Creio que esta “deriva” para a degradação da situação social, onde 40% dos portugueses já vivem em situação de pobreza, vai ter resultados muito maus. Não tenho dúvidas!

terça-feira, dezembro 07, 2010

 

Um livro que escrevi

Saiu, hoje, o livro que fiz. É uma publicação da Afrontamento, editora a que estou ligado há muitos anos.

Tem o título “Horizontes da ética – para uma cidadania responsável”. Procura ser uma incursão sobre diferentes concepções da ética e uma reflexão crítica sobre os problemas éticos que se colocam no mundo da vida e no contexto em que vivemos. A minha intenção é contribuir para uma cidadania mais responsável. Se conseguir isso ficarei muito feliz.

Tem uma introdução do professor Arnaldo de Pinho e um prefácio do Prof. Mota Cardoso. Além de serem bons amigos, deram uma óptima contribuição a este trabalho.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

 

Como se poderá levar a sério!

Uma deriva demagógica para o que não esta em causa: “Alegre acusa Cavaco de tratar Madeira e Açores de forma diferente” (TSF).

Mas o que está em causa (sobre o qual Alegre não se quer pronunciar) é saber se é legítimo e tem sentido de Estado, o regime de excepção criado pela compensação que o Governo Regional dos Açores pretende atribuir aos funcionários públicos, para cobrir os cortes salariais previstos pelo Governo.


sexta-feira, dezembro 03, 2010

 

Já vale tudo!

O regime de excepção criado pela compensação que o Governo Regional dos Açores pretende atribuir aos funcionários públicos, para compensar cortes salariais previstos pelo Governo, nada tem a ver com preocupações sociais. É uma medida discriminatória, obscena e que dá um sinal muito claro: vale tudo para caçar um voto. É isso que pretende grotescamente o governo dos açores com a complacência de Sócrates.



E Manuel Alegre ao alegar que “não sabe bem do que se está a falar” e que «compete ao Governo dos Açores», por ter «autonomia» (escondendo que o "prato dos açoreanos" recebe dos contribuintes do continente balúrdios) decidir sobre questões que dizem respeito à Região, situa-se no mesmo registo.

Tiro o chapéu à posição de Cavaco Silva que, ao contrário de Sócrates, repudiou tal medida.

 

Acerca dos imperativos categóricos da retórica de Assis

Para que se perceba a verdadeira natureza dos imperativos categóricos da retórica de Assis, que o tornam um autêntico discípulo de Sócrates e justificam, com evidência, a sua escolha para líder da bancada socialista, trago à reflexão um texto que escrevi numa coluna (Educação e cidadania) que, em tempos, dispunha no Jornal de Notícias.



Transcrevo-o:


“Todos iguais, todos diferentes”

Há situações que são paradigmáticas da necessidade de uma profunda reforma dos partidos e do sistema político por forma a dar credibilidade, rigor e transparência à actividade política.

Francisco Assis, nas últimas eleições autárquicas, apresentou-se como cabeça de lista à Assembleia Municipal do Marco pelo PS.


Muitos não acreditaram que esse gesto fosse apenas um “número de espectáculo” para conquistar votos (como alguns já faziam crer), mas uma marca de um novo modo de estar na política, servir a causa da democracia e os ideais socialistas. Foram, por isso, criadas naturais expectativas que se apoiavam no suposto de que o líder distrital do PS pudesse dar uma outra visibilidade aos problemas de prepotência, caciquismo e má gestão de que era publicamente acusado Ferreira Torres. Rapidamente, estas expectativas foram frustradas: por acumulação de faltas, o deputado e líder do PS foi obrigado a renunciar ao mandato.


A justificação avançada pela Federação do PS é digna de ficar registada numa antologia da especialidade: a presença de Assis na Assembleia Municipal do Marco era susceptível de “limitar e inibir a participação” dos restantes membros do seu partido na assembleia.


Foi, agora, tornado público que Francisco Assis tinha aceitado o cargo honorífico (segundo o mesmo) de presidente da assembleia-geral da Edinorte, empresa ligada a um dos empreiteiros do regime de Ferreira Torres que é compadre de Major Valentim Loureiro.


Uma questão se colocará, entretanto: será que os interesses da luta contra a prepotência, o caciquismo e a falta de transparência da gestão de Ferreira Torres não nobilitavam tanto o deputado e líder distrital do PS, como ser presidente da assembleia-geral da polémica empresa Edinorte?!...


Tal como um rolo compressor, vai-se se impondo a ideia de um centrão político, onde se aplica o slogan “todos iguais e todos diferentes”.

Se o PS quer marcar a diferença tem de promover reformas que evitem que, no seu interior, o sucesso se faça por jactos de verborreia incoerentes, mas pela competência, coerência e rigor.

De contrário, não faltarão razões para seguir a lucidez do “voto em branco” de que nos fala Saramago no último livro.

J.N: Domingo, 9 de Maio de 2004

quinta-feira, dezembro 02, 2010

 

Coerência é com eles!

Sócrates diz que é imoral, o Governo sublinhou o mesmo e, agora, o contrário, Assis demitia-se se a bancada socialista não aprovasse o “contrário” e a golden share só funcionou para retirar da TVI a Manuela Moura Guedes.


No final os dividendos milionários da PT e de outras empresas não vão ser taxados e não entram para o patriorismo exigido pelo Governo para resolver a crise.

O critério de um governo dito socialista é deixar os problemas da crise para os mais desgraçados. E estão felizes e muito coerentes!


 

Quem gosta de publicitar virtudes públicas não tem direito a que lhe escondam os vicios privados.

Os políticos gostam de ter virtudes públicas, de ser bem vistos. Fazem tudo por ocupar os canais da televisão aparecer nos jornais e ser notícias nas revistas cor-de-rosa. Mas detestam que os seus vícios sejam publicitados.


O Wikileaks veio repor o princípio de quem quer publicitar virtudes também deve aceitar que sejam tornados públicos os seus vícios. Temos direito de conhecer o carácter, o que é em privado, quem quer ser muito publicitado.


O Ministro dos Negócios Estrangeiros desafiou: revelem que eu admiti a passagem de voos da CIA e eu demito-me.


As revelações do Wikileaks só devem ter uma consequência: demita-se senhor ministro e deixe-se de contorcionismos retóricos.

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