quarta-feira, dezembro 31, 2008

 


ANO NOVO



Virás de manto realmente novo
Entre searas ardentes e mãos puras?
Poderemos enfim chamar-te novo,
Ano novo entre as tuas criaturas?

Deceparás enfim as mãos tiranas?
Será feita, enfim, nossa vontade?
Eu queria acreditar, vozes humanas,
Acreditar em ti, deus da verdade!

Como eu queria trazer-te a este mundo
(Mas onde te escondeste? Desde quando?)
Ó deus livre, sem espinhos, ó fecundo
Senhor do fogo alegre e não do pranto!

Ó ano novo, a minha esperança é cega.
Transforma em luz a nossa própria treva.

Alberto de Lacerda (1928-2007)

Obs: enviado por Amélia Pais

Para todos os que por aqui passam, desejo um Novo Ano que corresponda ao que de melhor desejarem.
JBM

terça-feira, dezembro 30, 2008

 

Nº 2 de Avelino Ferreira Torres, candidato pelo PS

Mais uma voz se levanta contra a inconcebível escolha do nº 2 de Avelino para a Câmara do Marco.

Armindo Abreu, Presidente da Câmara de Amarante, socialista, toma posição, no "Reporter do Marão", sobre a escolha por Renato Sampaio, presidente da Distrital do PS, do nº 2 de Avelino Ferreira Torres, Norberto Soares, para candidato à autarquia do Marco de Canaveses, nos seguintes termos:

"Não vale tudo na política e recuso-me a aceitar, enquanto socialista, que o partido escolha, para candidato, um representante do populismo, o mesmo populismo que nós combatemos em Amarante há quatro anos (…) Há derrotas que honram e vitórias que envergonham"

segunda-feira, dezembro 29, 2008

 

A “dormir na forma”

As Instituições, em Portugal, andam a dormir na Forma. A Assembleia da República aprovou, a dormir na forma, o Estatuto Político-Administrativo dos Açores. O Governo anda a dormir na forma e não mediu as consequências do referido Estatuto e o Presidente da República acordou tarde para a importância de um tal Documento.

Com as Instituições a dormir na forma, todos os portugueses ficam reféns da irracionalidade dos interesses, sejam eles dos Açores, da Madeira ou de outra parte qualquer, sejam eles económicos ou da vaidade de líderes partidários.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

 

Um texto que enviei para o blog "Marcohoje"

Os partidos não se justificam por si, mas pelas referências de valores e ideais de organização da sociedade que representam. É isso que faz a identidade ou personalidade de um partido e dá sentido à democracia de representação partidária.

Na história dos partidos muitos desapareceram, porque deixaram de representar esses valores ou ideais e se tornaram num estorvo à democracia.

Temos o dever de criticar os partidos que desprezam a sua identidade, se tornam num estorvo à democracia, favorecem o chico-espertismo, criam condições para que os ideais e valores configurados na sua bandeira sejam espezinhados e resvalam para meros instrumentos de interesses privados.

Os partidos também são pagos pelos contribuintes e é dever de cidadania combater a corrupção moral dos partidos para defender a democracia. Os códigos de honra com que a corrupção e a podridão moral é encoberta, que faz dizer que a critica prejudica, são próprios das máfias e não de sociedades livres, responsáveis e abertas.

A crítica é o sal da democracia, que lhe dá tempero e sabor.Quando os partidos impedirem a crítica, quando deixarem as suas diferenças, quando for igual ser do CDS ou do PS ou do PSD, quando escolher quem representa um partido for como escolher um jogador de futebol ou um mercenário para um combate, quando a vida num partido não tiver ética, for feita de traições e jogos maquiavélicos, então desapareceu a democracia.

O valor de um partido está na imagem que cria. Se ela é repugnante, não tem critérios de valor, é oportunista e maquiavélica, não serve para representar cidadãos honestos, nem justifica que para ele sejam canalizadas verbas dos contribuintes.

O que pretende um cidadão responsável é que a imagem de um partido seja a imagem dos valores e ideais que o justificam. O que pretende um militante responsável de um partido é que possa olhar para o espelho (onde se reflecte a sua imagem partidária) sem se envergonhar.

A causa da crise de credibilidade dos partidos está na perca da identidade que lhes deu sentido, nos métodos maquiavélicos que usam, na cultura do chico-espertismo que desenvolvem e na confusão entre servir o interesse público e o interesse privado

quarta-feira, dezembro 24, 2008

 

O pântano!

O que está, hoje, a acontecer no Marco de Canaveses, com a “traficância” do candidato natural do PS pelo número dois de Avelino, é um sintoma claro do pântano fedorento em que se tornaram os partidos do centrão.

Aliás, o mesmo procedimento aconteceu hà uns anos com o PSD que deixou de apoiar o seu candidato natural para apoiar Ferreira Torres.


Agora, essa traficância envolveu um funcionário de uma empresa de construção civil (que desempenha, entretanto, o papel – não o cargo! – de deputado) e o presidente da Federação Distrital do PS. Obviamente, terão tido a conivência de quem lidera, a nível nacional, as questões autárquicas.

Pensávamos que essa atitude seria condenada por todos os militantes, mas, foi com espanto, que ouvi uma justificação arrepiante, feita em forma de desafio: “então, quem paga uma campanha não tem o direito a escolher o candidato?!...”

Isto diz tudo!

Respondi: se é assim, então é mais transparente privatizarem os partidos. Mas, pensando melhor, esse passo já foi dado!

Já não se escolhem candidatos que se identifiquem com os valores do partido e sejam capazes de lutar pelo bem-comum das populações, mas contratam-se "craques" do jogo de ilusões, como no futebol.

Para os partidos do centrão o interesse-comum (o único que dá sentido à política) tornou-se no "meu interesse e no interesse dos meus clientes ou dos que me apoiam". Fazem da política uma "arte de meter a mão no bolso dos contribuintes".Naturalmente, sempre com o ilusionismo da retórica propagandística de “servir o povo”.

Povo que, quando der conta, terá de pagar os milhões que este Governo anda a despejar nos bolsos dos que criaram a crise que estamos a viver?!...

Quando acabarem as obras da megalomania socrática, onde irá esse povo procurar trabalho, que garantias terão as suas reformas, que dinheiro haverá para os hospitais, as escolas, etc.?!...

Chamam a este Governo socialista e popular (que ideia tão demagógica), como lhe podiam chamar gertrudes ou outra coisa qualquer!


terça-feira, dezembro 23, 2008

 
Nascerei sempre
que a palavra vier ter comigo
como a paisagem de uma manhã de Natal

mesmo quando as pedras sem cor
me conduzirem por entre as calhas
e no horizonte só os barcos ausentes navegarem

nascerei sempre que as palavras amanhecerem
como fogueiras vermelhas de presença
e a tua voz incendiar o silêncio

ainda que minhas mãos
nem sempre encontrem uma janela
mas muros que crescem mesmo quando derrubados

mas nascerei, nascerei sempre que
na palavra encontrar o teu rosto

Gisela Ramos Rosa (07-12-08)

Poema retirado do blog: http://www.ortografiadoolhar.blogspot.com/

Com este magnifico poema, a todos os que por aqui passam desejo um Natal Feliz.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

 

Taticismo rasca!

Quando são os aparelhos partidário, com os seus sindicatos de voto, a escolherem lideranças, só podem escolher lideranças rascas, sem mérito. E o resultado è evidente: estas, depois, orientam a política no estilo que lhes é próprio -- pelo vale-tudo!

Desde finais de Setembro que, á socapa, o líder da Distrital do PS, Renato, com o deputado Jesus, ex-funcionário de Gaspar Ferreira (empreiteiro, testa de ferro de Avelino Ferreira Torres, sócio do Major Valentim Loureiro e de um tal Luís Oliveira. Com um currículo admirável, basta lembrar que, segundo as contas da autarquia de Gondomar e conforme foi noticiado, começou a construção de um bairro social pelo telhado) tratavam de “trespassar” a candidatura à Câmara do Marco (já anunciada) do Presidente da Concelhia para o nº 2 de Avelino, Norberto Soares.

Esta criatura, que já pertenceu ao PSD, foi depois para o CDS e agora é bandeira do PS, substituiu, na Câmara do Marco, Avelino, na altura em que este se candidatou à Amarante, e nesse período adquiriu por dois milhões de euros a Gaspar Ferreira o cineteatro do Marco, que não valia mais que 250 mil euros?!... Como se vê soube seguir os passos do “mestre”!

Mas, bem vistas as coisas, mesmo copiando estilos (como a compra do cineteatro) de Avelino, nunca ganhará o fulgor do mestre!

Hoje, o PS é uma agência de propaganda que utiliza uma bandeira que nada tem a ver com os valores e princípios que representou. Por isso, não se estranha que tenha substituído o candidato Artur Melo, filho do dr. Artur Melo, um médico muito prestigiado no Concelho, por uma espécie de fotocópia de Avelino.

O que se estranha é que prefira a fotocópia ao original!....

sexta-feira, dezembro 19, 2008

 

Poema

Cuando se acaben estas noches
en las que estoy sola y tú estás conmigo,
cuando se acaben estas cosas
de destino,
cuando se acabe
lo que nos hemos dado para siempre,
no me odies:
recuérdame inocente
y volveremos juntos al poema.


Carilda Oliver Labra


Obs. Enviado por Amélia Pais

terça-feira, dezembro 16, 2008

 

A minha homenagem ao Padre Felicidade Alves

Dez anos se passaram sobre a morte do Padre Felicidade Alves. Conheci-o pessoalmente, ainda como prior de Belém. Lembro-me das suas homilias que eram escutadas com avidez.

Ninguém como ele terá influenciado tanto uma geração que, caminhando por movimentos católicos, foi-se abrindo à intervenção política e cívica, aos movimentos ecuménicos e à necessidade de um bom governo, capaz de diminuir o sofrimento dos que mais sofrem. O seu livro “Católicos e a Política” colocou-nos desafios de consciência, fez-nos romper com uma Igreja comprometida com o fascismo, obrigou-nos a debates constantes na Capela do Rato, meteu-nos nas preocupações de Maio, introduziu-nos na reflexão sobre temas desenvolvidos por Garaudy, Mounier e logo depois Marx, Trotsky e tantos outros. Líamos o “Tempo e o Modo”, queriamos imitar Che Guevara, participamos na distribuição do “Direito à Informação” e tivemos como leitura obrigatória os “Cadernos Necessários”.

Graças ao testemunho de Felicidade Alves não foi nas RGAs (reuniões gerais de alunos) que muitos da minha geração se abriram para a intervenção política e cívica(e isso separou-nos radicalmente dos retóricos), mas na experiência vivida com aqueles que mais sofriam a opressão e a injustiça. Muitos da minha geração quiseram viver no concreto a experiência de operários. Como operário indiferenciado, trabalhei com o Seruya na SEPEL e outros trabalharam noutras empresas.

Felicidade Alves partiu! Onde ele estiver receba o abraço fraterno da nossa saudade. Saudade que também é de um mundo onde a solidariedade, a fraternidade e a esperança alimentavam a força das convicções.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

 

Fez-se luz em Sócrates!

José Sócrates, que há pouco tempo atrás acusava de alarmistas todos os que falavam em recessão económica, descobriu, nesta segunda-feira, que 2009 será ano de "tempos difíceis", que exigem "o melhor de todos, empresários e administração pública". E sublinhou que para o Estado (por quem o seu Governo fala) as empresas e os empreendedores são aliados e amigos.

Os trabalhadores, sem os quais não há empresas nem empreendedores, foram ignorados. Deve haver alguma razão para isso?!...

Naturalmente, quem despreza a função dos sindicatos, quem não se preocupa com o actual risco de pobreza de 200 milhões de portugueses, quem salva a fortuna dos especuladores financeiros com a entrega de milhões ao BPP e encaminha, como alertou no “Público”, Octávio Teixeira, os recursos da segurança social (580 milhões de euros, só para 2009) para a protecção do emprego (em vez de integrar esse montante no orçamento do Estado) não poderia ter outra postura. Nem sequer se preocupa com o efeito que isso produz na descapitalização da segurança social, provocando o risco de faltar dinheiro para devolver aos reformados o que eles já descontaram.

O Estado (por quem Sócrates responde) sabe do que se preocupa. Não é, obviamente, dos desempregados, dos idosos e dos que sofrem as dificuldades que os ricos criaram nos tempos que decorrem.

 

Ainda dá para rir! “Salvem os ricos!...”

Na verdade, o que é importante para este Governo é salvar os ricos da crise que os próprios ricos, com as sua “vermelhinha”, criaram.

Quando o crescimento económico gerava abastança, os ricos tiveram as portas abertas para aproveitar a onda, jogando na especulação financeira e, assim, acumularam milhões de forma rápida.

No outro lado, no lado dos que só têm as mãos para trabalhar, foram esvaziados os poderes contratuais dos sindicatos, retirados benefícios aos trabalhadores com um novo código de trabalho que faz crescer uma precariedade sem direitos, promoveu-se a flexibilidade a granel, o despedimento fácil e ao lado de reformas milionárias, surgiram 200 milhões de portugueses a viverem no limiar da pobreza.
Veio a crise dos ricos e, quando se pensava que um governo dito socialista deixasse os especuladores pagarem os riscos da sua gula, o sentido das suas medidas foi “salvar os ricos” privatizando o Banco da “vermelhinha” e apoiando, com milhões, o Banco dos ricos.
Não restam, hoje, dúvidas sobre as opções deste Governo Socrático.

O último Fórum da esquerda foi mais um sobressalto cívico e político que ameaça constituir-se numa alternativa a Sócrates, correspondendo aos anseios de muitos milhões de cidadãos frustrados com um PS que traiu as suas expectativas.

Para desvalorizar esta situação o ministro Santos Silva surgiu, ontem, num canal da televisão, a garantir que o lugar de Manuel Alegre, em torno do qual gravitou o Fórum, é no PS. E quando lhe perguntaram por que não havia entendimento entre o PS e as propostas da esquerda, nomeadamente do BE e do PC, respondeu com os fantasmas dos velhos tempos, afirmando que isso não poderia acontecer, porque o modelo do PC era o dos governos do Vietname, da Coreia, etc.

O PS de Sócrates lança fantasmas para fugir às suas promessas eleitorais e continua a distanciar-se das preocupações dos que sempre viveram em crise: os que não têm emprego, que precisam dum sistema nacional de saúde eficaz, duma justiça célere, dum trabalho estável para constituir família, duma educação que mobilize os professores, duma escola que faça cidadãos responsáveis e profissionais competentes e de políticas que ajudem a viver com dignidade os que mais precisam: os velhos, os desesperados e os excluídos do progresso.

Para estes nada lhes diz a ameaça do Vietname ou da Coreia. Não admira, por isso, que cresça a expectativa de um novo movimento de esquerda e que o humor se vá tornando numa arma política, como acontece com a paródia dos “Contemporâneos” e a “Gala da precariedade” premiando Sócrates com os troféus da categoria dos “sem vergonha” e o da “ficção” em “Novas Oportunidades”.

Enquanto vamos rindo, Sócrates pode continuar com a sua lábia propagandística. O pior é quando começar a não dar para rir!...
Entretanto, ouçam os "Contemporâneos"
http://www.youtube.com/watch?v=pI3z1c53J4g

domingo, dezembro 14, 2008

 

Dar voz à coragem!

O Forum da esquerda terminou, dando voz à coragem, à coragem de ser-se de esquerda recusando um governo que é forte com os fracos e fraco com os fortes, à coragem de deixar a retórica oposicionista para aprofundar causas; à coragem de procurar soluções para agarrar o poder em vez de ser oposição sem pensar no poder, à coragem de, com diz Manuel Alegre, “crescer política e civicamente”, à coragem de evitar que aconteça o que acontece na Grécia.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

 
Que falta nesta Cidade?........... Verdade
Que mais por sua desonra?...... Honra
Falta mais que se lhe ponha?.....vergonha

Fragmento de um poema do séc. XVII

quinta-feira, dezembro 11, 2008

 
Com a devida vénia, transcrevo do blog "incursões" o seguinte post:

A varapau 2

A unidade, a união sagrada e os seus adeptosO dr Mário Soares resolveu fazer um apelo. Um apelo à unidade. Diz o excelente senhor que numa situação destas (presume-se que se refere à economia, apesar da calma olímpica de vários responsáveis governamentais) não se deve andar em “guerrilhas” políticas. Deve haver unidade. À volta do Governo, presume-se.Parece que o dr Soares entende que a política deve ir para férias por uns tempos. E a democracia provavelmente também. Como se a crise fosse outra coisa que não política. Como se a economia fosse algo que é independente da política.O dr Mário Soares não é como o vinho do porto. Envelhece mal. Então descobriu agora que o apelo à unidade, usado por tudo o que foi regime fascista, é o ideal para combater a crise. Esquece que durante os muitos anos em que andou na oposição, o governo da altura o criticava por ele andar em guerrilhas esquecendo que o país estava a braços com uma, duas ou três guerras na África.O apelo à unidade, feito desta maneira, diz tudo, infelizmente, do pensamento cadaveroso de alguma elite política portuguesa. Claro que o dr. Soares tem uma desculpa. Do outro lado está Manuel Alegre. E ele, Soares, que jura não falar disso, só fala disso, mesmo quando silencia. Não engoliu a derrota eleitoral.Também fez umas declarações curiosas sobre coragem política. Poderia, mesmo tardiamente, atribuir à drª Ferreira Leite a mesma coragem que hoje reconhece numa sua sucessora. Porque Ferreira Leite tinha na altura a mesmíssima razão que a sucessora hoje tem. Mas provavelmente o dr Soares acha que a tempos diferentes (mesmo que próximos) deverão corresponder apreciações diferentes.E tem razão: votei nele duas vezes e fiz mesmo parte do núcleo duro dos seus primeiros e escassos apoiantes. Depois preferi Alegre. E senti-me bem. Muito bem. Mas continuei a ter ternura e respeito pelo “velho senhor”. Custa-me vê-lo a dizer o mesmo que os mais alucinados apoiantes de Salazar. Quando se tem uma biografia há que respeitá-la, como disse um dirigente bolchevique que instado a confessar “crimes anti-partido” num processo de Moscovo para salvar a vida, preferiu não o fazer. Foi condenado e executado. E ainda hoje é recordado. E respeitado.


Postado por d' Oliveira
In: http://incursoes.blogspot.com/


O meu comentário:

Excelente post.

Como referi, no post em baixo, Mário Soares não representa apenas o ex-Presidente da República, mas uma família e isso é que o faz dizer o que diz.

E isso é dramático!... Desaparecem referências de credibilidade e nada fica de firme para suster a revolta.

O que está a acontecer na Grécia pode parecer nada ter a ver com isto, mas tem tudo a ver.

Os políticos, que têm dominado o poder na Europa, saíram duma classe média; isto é, de uma certa burguesia bem-pensante, que foi alimentando, desde há muitos anos, um poder que excluiu, em nome do voto maioritário, as minorias que constituem os traídos da história. Essa minoria é, agora, alargada aos jovens que se sentem desesperados pela crise e não encontram esperança no Futuro.

Estes vêem na classe média os conluiados com o poder dominante, uns “chicos espertos” que ergueram bandeiras de esperança para encherem os seus próprios bolsos. Sentem-se enganados e basta uma faúlha para que os seus ânimos despoletem revolta e vingança.

Sentem que essa classe média é responsável pelo apoio que têm dado a um centrão, da Grécia ou de outras partes da Europa, corrupto, sem sentido de Estado e sem qualquer sensibilidade ao interesse comum.

E é neste contexto que os desesperados se revoltam na Grécia contra tudo o que representa ser o “alimento” desse poder. Culpabilizando a classe média, vingam-se em tudo o são suas referências, incendiando bancos, destruindo lojas, carros, etc,. É como se estivessem a combater o poder e quem o poder tem servido.

Aqui, em Portugal, vai acontecer o mesmo.

Sempre que as sondagens favorecem Sócrates (que considero o governante mais medíocre e petulante de todos os tempos), penso nos jovens que na Grécia estão a destruir tudo o que lhes aparece no caminho. Eles revoltam-se contra a classe social que dá vitórias a uns sócrates que lhes nega o direito à verdade, à esperança credível, ao sentido da vida e da história.

Não se deixam enganar pela retórica propagandística, porque vivem factos: tiram cursos que não servem para nada, não têm emprego, o poder enreda-se na corrupção, os partidos não têm qualquer credibilidade, os políticos são uma espécie de proxenetas que vivem do trabalho dos outros e o futuro não lhes dá qualquer esperança. Nesta circunstância, só revolta anárquica lhes parece legitima!

Não tardará que esta onda vá, entre nós, rebentar, e de nada serve falar da lei ou da ordem para meter a cabeça na areia!

quarta-feira, dezembro 10, 2008

 

Razões de partido que Manuel Alegre desconhece.

Mário Soares falou, hoje, sobre Sócrates e a Ministra da Educação.

Compreende-se que há necessidade de ouvir Mário Soares, na véspera de mais um encontro da esquerda, onde estará Manuel Alegre. Mas a necessidade do ex-Presidente da República elogiar a “coragem invulgar” da Ministra da Educação parece um exagero. E ainda por cima com a justificação de que a Senhora “tem uma orientação e um sentido de responsabilidade invulgar”.

Percebemos que há razões de partido que a razão desconhece, mas depois de Maria de Lourdes Rodrigues garantir que suspende o modelo da avaliação dos professores no final do ano, mas durante o mesmo não, é uma extravagância procurar na Ministra sentido de responsabilidade e de orientação. Ninguém descobre coerência ou rigor numa Ministra que reconhece um erro e marca prazo para insistir no mesmo.

Também se percebe que Mário Soares, defensor das amplas liberdades, inclusivamente sindicais, julgue contrário à democracia exercer o direito cívico de vir para a rua pedir a demissão de uma ministra ou que a queda de Sócrates seja pior do que a queda do império romano. Todos nós nos recordamos do tempo em que Mário Soares inflamava multidões nas ruas e até nas avenidas, mas nesses tempos não era o PS que estava no Governo.

Mário Soares tem direito a todas as extravagâncias. É que não está só em causa a figura do ex-Presidente da República, mas o que significa o peso do seu nome na família. Não nos admiramos, por isso, que hajam razões de partido que Manuel Alegre desconhece!

terça-feira, dezembro 09, 2008

 

Se todos os homens são naturalmente iguais, por que será que só uma minoria tem o direito a ter condições para viver com dignidade?!...

Amanhã comemoram-se os sessenta anos da publicação de um dos mais belos e generosos documentos elaborados pela Humanidade: a Carta dos Direitos Humanos.

http://dre.pt/pdffiles/dudh.PDF

O valor universal da dignidade humana só é respeitado se o direito de uns for entendido como o dever de outros.

Para que isso aconteça, todo o homem tem de estar no centro das preocupações económicas, políticas e culturais. Todo o homem tem de ser tratado como um fim que vale por si mesmo e nunca como um meio.

O “INTERESSE-COMUM” é a pedra angular da construção dos direitos humanos num Estado de Direito.

O que fizeram os políticos das preocupações com o interesse-comum que promoveram várias gerações dos Direitos Humanos?!...

A primeira geração dos direitos humanos surgiu como reacção à desigualdade política e cívica. Nesta fase lutou-se pela ideia de emancipação do homem e criou-se a modernidade. O liberalismo do séc. XVIII até ao século XIX acabou com o servilismo medieval e cobriu o período de expansão e consolidação dos direitos civis e políticos. Direito à propriedade, a uma nacionalidade, à liberdade de reunião, a eleger e ser eleito, a circular livremente, ao bom-nome, etc.


A segunda geração ganhou força com a reacção às desigualdades sócio-económicas e à exploração do homem pelo homem. Foi o tempo em que muitos morreram a lutar pela ideia de Estado Social de Direito. É o período da conquista dos direitos sociais e económicos: direito ao trabalho, ao lazer, à organização sindical, à segurança social, à instrução, etc. Criaram-se as utopias duma sociedade mais justa e mais fraterna e desse sonho se alimentou a ideia de socialismo que galvanizou multidões que se empenharam na luta por esse ideal.

A terceira geração surgiu como reacção à desigualdade cultural, à massificação social e à globalização. Lutou-se pelo direito à diferença, pela interculturalidade e por uma globalização da cidadania.

Vivia-se um período de prosperidade. Em nome do progresso, defendeu-se o direito à diferença e, paradoxalmente, desvalorizou-se o princípio da equidade.

Um pragmatismo individualista, egoísta e bárbaro foi relegando para segundo plano os ideais socialistas, baniu o interesse-comum e as questões dos Direitos Humanos. E em seu lugar fez surgir as “causas fracturantes”.

A crise, entretanto, apareceu de forma estrondosa, lembrando que o modelo de crescimento económico, apoiado na ideia da economia virtual e num progresso constante, era um logro.


A economia virtual tornou-se no cancro da economia real, crescendo e multiplicando-se sem respeitar regras e as metástases do jogo bolsita desvalorizaram o trabalho produtivo, e espalharam-se pela economia real, com falências de empresas, desemprego, fome e miséria; em suma: negação dos Direitos Humanos.

E nesta circunstâncias que faz o Estado, em Portugal?!...

Serve os interesses dos mais desprotegidos economicamente para fazer respeitar a sua dignidade ou cobre os prejuízos dos que apostaram na gula da economia virtual com o dinheiro dos mais pobres?!..


A protecção dada pelo Governo ao BPN e ao BPP são exemplos bastante significativos da traição aos ideais socialistas e à defesa dos Direitos Humanos. Valora mais as fortunas dos homens de dinheiro do que a dignidade da pessoa humana. Toma como critério: tudo o que dá dinheiro é bom, e tudo o que leva a perdê-lo é mau. Nacionalizam-se os prejuízos e privatizam-se os lucros.

Um darwinismo social vai fazendo com que os ricos sejam cada vez mais ricos e em menor número e os pobres cada vez mais pobres e em maior número.Mas viver sem pão e sem trabalho é viver sem condições para proteger a dignidade a que todo o homem tem direito.

Não podemos fechar os olhos: a luta pelos Direitos Humanos está, hoje, mais pobre. É nossa obrigação não a deixar esquecer.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

 

O País, segundo Clara Ferreira Alves

"Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.

Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada mas mais honesta que estes bandalhos.

Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER.

Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial.

Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.

Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.

Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.

A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca"


Clara Ferreira Alves. In:- Expresso

sexta-feira, dezembro 05, 2008

 

Finlândia versus Portugal

Sr. Primeiro Ministro:


Como Vª Exª tem a mania de nos comparar com a Finlândia, venho por este meio dar o meu pequeno contributo sobre as comparações que tanto gosta de fazer entre os dois distantes, mas dignos Países:

1. Na Finlândia as turmas têm 12 alunos;

2. Na Finlândia há contínuos, aliás - politicamente correcto -auxiliares de acção educativa, acompanhando constantemente osprofessores e educandos;

3. Na Finlândia, as crianças são educadas pelos pais no intuito de respeitarem a Escola e os Professores;

4. Na Finlândia todas as turmas QUE TÊM ALUNOS com necessidades educativas especiais, têm na sala de aula um professor especializado a acompanhar o aluno que necessita de apoio;

5. Na Finlândia as aulas terminam às 3 da tarde e os miúdos vão para casa brincar, estudar;

6. Na Finlândia o ensino é totalmente gratuito inclusivamente os LIVROS, CADERNOS E OUTRO MATERIAL ESCOLAR;

7 . Na Finlândia não há avaliadores, professores avaliados nem Inspectores.!!!!!

8. Na Finlândia os professores têm tempo para preparar aulas e são felizes.

Apetece acrescentar:

9- Na Finlândia uma varejeira nunca poderá ser ministra de coisa nenhuma


Nota alguma diferença???

Muito obrigado pela atenção!!!!

Obs: recebido por e-mail

 

Preciso de melhores tempos...

Por vezes invade-me um sentimento de náusea que me deixa sem vontade de escrever. Julgo que é uma defesa que o mundo da vida me cria para evitar o vómito de ouvir a M.E. e os seus secretários de estado, Sócrates e Santos Silva, Natalino e Meneses, o conceito de legitimidade do voto "atirado" pelo ex-presidente Jorge Sampaio (para salvar a face do Governo no esquizofrénico modelo de avaliação dos professores), o "chumbo" servil dos deputados do PS à proposta de suspensão do referido modelo, o BPN e o buraco de 50 milhões dum seu administrador que terá, com o que “cavou”para abrir o dito buraco, comprado a Air Luxo, as justificações do Governo para o “colchão” que segura os ricos que colocaram as suas fortunas no BPP, o reconhecimento de que os pobres são cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos com este governo, dito socialista,a ineficácia da Justiça, o sentimento de impunidade de que gozam os corruptos, os manipuladores taticismos dos políticos, o “lixo” tóxico da propaganda socrática, etc. etc..

Preciso de expulsar este mal-estar, preciso de melhores tempos que me ajudem a compreender se os eleitores que continuam a dar vantagem a Sócrates nas sondagens são enganados pela incapacidade de perceber a sedução da propaganda enganosa ou se se enganam por vontade própria, como uma presa que, por pregiça, se deixa cair na armadilha.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

 

A revolta dos professores!

A greve dos professores está a ser o que se esperava: uma enorme manifestação de revolta.

O Ministério da Educação, o Governo e os boys do PS não conseguiram frustrar a adesão à greve. Para nada serviram as mensagens anónimas enviadas pelo telemóvel a dizer que a greve foi desconvocada; para nada serviram as contradições da Ministra, proclamando estar aberta a negociações sem condições prévias, mas impondo as suas prévias condições (como a divisão da carreira e as quotas); para nada tem servido declarar que as escolas estão abertas, quando o que é um facto é que mais de 90% dos professores estão em greve; para nada serve proclamar o diálogo, quando o Ministério levou a guerra às escolas; etc., etc.,

Sócrates faz desta Ministra uma marca do seu governo. E tem razão! Este Governo faz da teimosia a sua firmeza e pretende dizer que não quebra perante os sindicatos, como faz uma Ministra incompetente e sem sentido de diálogo. Mas que autoridade tem quem se diz socialista e passa a vida a quebrar perante os interesses dos banqueiros, das grandes fortunas, das multinacionais e dos interesses dos que mais têm?!... Será que só estas quebras é que dão sentido ao seu entendimento de firmeza, de democracia e de socialismo?

Um tal Albino com um pigmento retórico que faz de cinturão protector da virgindade do M.E., tem uma concepção curiosa de greve: quer que não prejudique os alunos, como se a greve fosse um banquete com pedido de licença aos paizinhos que fazem das escolas o armazém dos seus filhos e dos professores umas “amas secas”.

A greve é o último recurso da indignação e, por isso, é uma manifestação de ruptura e de revolta que, logo à partida, prejudica o bolso de quem a faz. E é por prejudicar o normal funcionamento das escolas que ela pode ter impacto sobre uma ministra e um governo autista, arrogante e com falta de sentido democrático.

terça-feira, dezembro 02, 2008

 

Portugal é um País especial.

No Banco Português de Negócios haviam gestores que não faziam gestão e no Banco Privado Português há um activo de 672 milhões de euros que nada activa!

Tudo normal e, por isso, não há risco para os afortunados que colocaram dinheiro, a alta rentabilidade, nesses bancos.

O Banco de Portugal garante-lhes que o seu dinheirinho (jogado no risco das bolsas e nos paraísos fiscais) afinal já não tem riscos: está seguro e os contribuintes, os que nunca lá colocaram os seus magros euros nem andaram a jogar em riscos de proveitos astronómicos, salvarão os riscos e pagarão os juros das fortunas!

 

Solidário com os professores

É um autêntico embuste o que se passa com a política educativa deste Governo.

Desde as indicações sobre o cumprimento dos programas, a criação do professor do ano, o simplex, as “novas oportunidades”, o estatuto dos alunos até ao chamado “modelo de avaliação” é um “folclore” de publicidade enganosa.

A Ministra da Educação trata-nos como mentecaptos e utiliza argumentos contraditórios: quer negociar sem condições prévias, mas impondo as suas prévias condições; fala em avaliação, mas o que pretende é uma classificação de serviço; propagandeia a defesa do mérito, mas estabelece quotas; diz privilegiar a competência, mas cria obstáculos à carreira dos professores para diminuir custos; fala em autonomia das escolas, mas estabelece hierarquias e, arbitrariamente, divide os professores em titulares e não titulares; proclama o diálogo e leva a guerra às escolas.

Esta equipa ministerial desconhece a vida das escolas, os problemas sentidos na aprendizagem, é incompetente e não dialoga. O seu autismo é responsável pelo desprestígio dos professores, o baixo nível das aprendizagens e pelo facto das escolas se tornarem, hoje, num local de desencanto, de perda de sentido do Futuro e até perigoso.

Espera-se que a greve dos professores se torne na necessária pedrada no pântano desta política educativa. É necessário alertar muitas consciências, que ainda andam adormecidas, para o embuste em que se tornou a politica educativa deste Governo e no mal que ela está a criar ao futuro dos nossos filhos.

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