sexta-feira, novembro 28, 2008

 

Avaliação de quê?!...

Quem foi deputado, membro do governo ou director regional da educação fica, segundo o modelo que a Ministra da Educação quer impor aos professores, no topo da carreira do ensino, com a categoria de titular e cota garantida.

Não é preciso, portanto, provar no “terreno” o mérito, basta-lhe ter “exercido funções ou actividades de interesse público”.

Para quem não sabe o que são "funções e actividades de interesse público", perguntem a Dias Loureiro ou a Jorge Coelho.


Além do prémio que terá essa gente (que "serviu o interesse público"abnegadamente, com "sentido do dever", como deram provas os referidos ex-governantes), a Ministra reserva, na sua generosidade, também outro prémio para “professores-titulares-avaliadores”: cria para eles um 4º escalão. Neste “posto” já não é preciso sujeitar-se à avaliação.

Depois do abandono do critério do sucesso dos alunos e o das competências pedagógico-didáctico-científicas só faltava criar um 4º escalão para imunes à avaliação, garantir a ex-deputados, membros do governo e directores regionais a titularidade e cota a preceito.

Chamar avaliação a tudo isto, não será obsceno?!....

quarta-feira, novembro 26, 2008

 

Tanta confusão, para quê?!...

A Ministra da Educação conseguiu o milagre das rosas. De um modelo de avaliação já fez surgir três. No último, não só prescinde do sucesso dos alunos, como também das competências didáctico-científicas dos professores.

Continua a chamar a isso um modelo de avaliação, mas do que se trata é de uma obscenidade, pois esconde, com a ideia de avaliar o mérito, a obsessiva vontade de “domesticar” os professores com uma burocracia confusa, a criação de cotas para reter no nono escalão 60% dos professores e a divisão da classe em duas: a dos titulares e a dos não titulares.

O resultado de tudo isso é evidente: as escolas estão em guerra civil, a discórdia entre pais, professores e alunos prolifera e já destruiu as potencialidades da aprendizagem deste ano escolar.

Entretanto, na sua retórica propagandística, o Primeiro Ministro acaba de proclamar o seu “amor à educação”, mas não tira conclusões da situação que se vive hoje no ensino: deixa que o sistema se degrade de tal forma que só os “gatos fedorentos” conseguem nele viver, conforme se pode ver aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=XqaP5P5f88o

 

Acima das razões de Estado está a vidinha de um conselheiro!

Dias Loureiro, na sua condição de conselheiro, não pode ser arguido e pode, ainda, recusar-se a prestar declarações como testemunha. Fica-se a saber que ser conselheiro de Estado não significa ter a responsabilidade de defender, com o seu testemunho, a dignidade do Estado, mas ficar com um cinto de protecção contra as consequências das suas próprias contradições e, ainda, contra a perseguição da justiça ou da polícia.

Perante tal condição de impunidade, compreende-se que Dias Loureiro possa mentir sobre a sua vidinha no Banco Português de Negócios e que o Presidente da República, mesmo assim, certifique as suas palavras, ainda que deixe em maus lençóis o que sobre as mesmas dizem os responsáveis do Banco de Portugal.

Em Portugal não há razões de Estado acima da vidinha de um conselheiro (confuso, contraditório e que enriqueceu logo que deixou de ser ministro) e é preciso que o Banco de Portugal, a Justiça, a Polícia e os próprios contribuintes compreendam isso!

Não foi Dias Loureiro, inclusivamente, o mais indicado para apresentar “O Menino de oiro”?!...
Chegados a esta situação, interrogo-me se haverá ovos chocos que cheguem para resgatar a dignidade do Estado.

terça-feira, novembro 25, 2008

 

Mais uma manifestação de professores

Estive, hoje, na manifestação dos professores contra o modelo de avaliação. Percebi melhor as razões que levam os professores a recusar as alterações feitas. De facto, correspondem apenas a um adiamento, cheio de contradições, da aplicação de um modelo injusto, inexequível e esquizofrénico.

A estratégia seguida pelo ME começa a revelar-se obscena: faz da avaliação um crivo para só deixar aceder ao topo da carreira cerca de 40% dos professores. E não se inibe de fazer ameaças, ao mesmo tempo que faz crer que a avaliação decorre normalmente. Mas, se é assim, que interesse haverá em anunciar procedimentos disciplinares?!...

O M.E. está de cabeça perdida e perdeu a credibilidade. Não se admira, por isso, que alguém, habituado ao cálculo de multidões, assegurasse que na Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados estavam, hoje, cerca de 15 mil pessoas.

Em Viana do Castelo, Bragança, Braga e Vila Real a grandiosidade das manifestações, apesar do muito frio, também configurara o mesmo testemunho de indignação e revolta.

Como pode esta Ministra ter condições para tutelar uma classe, alheando-se da importância da indignação e revolta que a sua política educativa está a causar?!...

 

Calçada de Carriche

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.


António Gedeão
Poesias Completas (1956-1967)


sábado, novembro 22, 2008

 

Não me lembrava!...

Do http://oanonimoanonimo.blogs.sapo.pt/, com a devida vénia, transcrevo o seguinte post:

Não há maus rapazes - é uma questão de detalhes...
... ou de falha na contrastaria do ouro

A crónica de João Marcelino, no DN de hoje, recordou-me que foi Dias Loureiro quem apresentou a biografia de José Sócrates - Menino de Ouro - facto que deixou o PSD atordoado. Nessa altura, Loureiro salientava a capacidade de Sócrates para dar valor aos "detalhes" [«Só quem está atento aos detalhes pode fazer grandes coisas. Essa é uma característica dos grandes homens»]. Agora, Dias Loureiro revela que, no BPN, não dava muito valor a essa mercadoria.

 

Tudo direitinho e certinho!

Manuel Dias Loureiro, entrevistado por Judite de Sousa, disse o que se esperava vir a dizer: foi administrador executivo do Banco Português de Negócios, mas nunca executou nada. Nada, mesmo nada, teve a ver com a operação de aquisição de duas sociedades com sede em Porto Rico pela SLN, em 2001 e 2002, onde foram transaccionados ocultamente milhões de que se perdeu o rasto.
E já que falamos em milhões convém não dar muito importância a esses números. Eles mudam de lugar com muita facilidade e isso só pode causar impressão a quem não está habituado aos ditos. Ora vejam: a Caixa Geral de Depósitos, o tal Banco de todos nós, mal injecta 800 milhões no BPN pede, em seguida, um aval ao Estado de dois milhões de euros. No intervalo, o Ministro da Segurança Social levanta do BPN os 300 milhões que lá tinha colocado, sem se perceber as razões de tal depósito num Banco muito pouco transparente.
Se não perceberam que tudo isto é feito de forma direitinha e certinha, a culpa não é de Dias Loureiro, nem do Governo, nem do Banco de Portugal nem das autoridades que têm a incumbência de zelar pela transparência destas coisas e muito menos da promiscuidade entre a política e os negócios.

sexta-feira, novembro 21, 2008

 

Façam de conta que há avaliação, porra!

Maria de Lurdes Rodrigues foi substituída pelo Ministro Silva Pereira. É isso que se depreende da conferência de imprensa do M.E.

Daqui para a frente, Maria de Lurdes Rodrigues é apenas uma figura de estilo: é uma espécie de antífrase em A4. De um dia para o outro conseguiu que o A4 que durante um ano era o bastante para os professores fazerem a sua avaliação, se revelasse burocrático, confuso, com erros, injusto e obrigasse a uma papelada sem fim que endoidecia os professores e esvaziava de sentido o papel da escola.


Naturalmente, ninguém perceberá que se tenha imposto um modelo de avaliação a 150 mil professores, sem ser testado nem ter em conta a especificidade múltipla das escolas e que depois de tanto conflito é que se dê conta da sua obscuridade e inoperância. Mas isso, pouco importa, o que interessa é encher os ouvidos dos portugueses com palavra-fetiche reforma, como se toda a reforma fosse “per si” boa ou só em anunciá-la acontecesse um mundo melhor.

E para que a mise-en-scène se cumpra, ontem, ao lado de Maria de Lurdes, o Ministro Silva Pereira certificava uma “avaliação” que deixava de avaliar o que o próprio M.E considerava essência da própria avaliação.
Já não era preciso diagnosticar a qualidade do ensino, porque dispensou-se a observação das aulas; já não era necessário melhorar competências, porque deixavam de contar os resultados dos alunos; já não era preciso que o professor sénior dissesse da sua justiça, porque o professor de Tecnologias deixava de avaliar o de Filosofia; já não eram precisas reuniões e mais reuniões entre avaliadores e avaliados, porque bastava um acordo entre as partes; e a folhinha A4 de Maria de Lurdes foi, pela própria senhora, reconhecida como mastodonte de burocracia com um portefólio de cerca de 70 inúteis fichas.
Entretanto, para que fique tudo como convém a razões meramente economicistas, a carreira de docente continua dividida em duas: titulares e não titulares. E o professor que queira mudar de escola perde a condição de titular, se a escola de destino não tiver cota para a sua titularidade.
Isto é, Maria de Lurdes autoavaliou-se como incompetente e a avaliação que fazia o orgulho da Ministra desapareceu.

Ficou o “faz-de-conta” e o Ministro Silva Pereira, do alto da sua autoridade, tudo fez para que se entendesse que há diálogo entre o ministério e os professores bem ao estilo socrático.

Foi como se dissesse: ficou uma avaliação porreira, pá!... Façam de conta que há avaliação!...

quarta-feira, novembro 19, 2008

 

Um texto do séc.XVI

“Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).”

“Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”

Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: “A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho.”

“Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo.”

Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque “a honra eleva as artes.”

“Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade.”

"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelência
Para conservar (…) um bom nível de conhecimento de letras e de humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior aptidão ou inclinação para estes estudos serão designados pelo provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias – desde que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons professores.

II. 20. Manter o entusiasmo dos professores
O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."

Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).

terça-feira, novembro 18, 2008

 

Pior que a “boutade” de Ferreira Leite!

Segundo o "Financial Times" o ministro Teixeira dos Santos, é o pior ministro das Finanças entre os 19 ministros dos países da União Europeia (UE).

Obviamente, o desempenho do ministro português tem para a vida dos portugueses consequências incomensuravelmente mais perversas do que a “boutade” de Manuela Ferreira Leite.

No entanto, como é preciso esconder o essencial, vai ser o “dito” da líder do PSD que alimentará até à saturação o caudal da retórica política dos próximos tempos.

 

Um problema de comunicação ou de tonturas!...

Manuela Ferreira Leite acordou do seu silêncio com tonturas. De facto, só quem acorda com um pesadelo é que é capaz de dizer o que a líder da oposição, a propósito da necessidade de reformas, disse: «Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia (…) Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se». E interrogou-se: «E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia».

Sócrates estará neste momento felicíssimo, rindo-se a bandeiras despregadas e vai citar isso até à exaustão. Entretanto, Filipe Meneses já abriu uma garrafa de champanhe e Sá Carneiro envergonhado estará a dar voltas e mais voltas de indignação no túmulo.

Naturalmente, pode não ser esta a interpretação fiel do que Manuela Ferreira leite quis dizer, mas a líder da oposição tem de saber comunicar para não sugerir disparates que fazem notícia e envergonham qualquer cidadão, por mais distraído que ande. Disparates de tal ordem que até apagam a oportuna ideia (que teve a líder da oposição) de lembrar que «não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais», como aconteceu com os juízes, os funcionários públicos e, agora, os professores.

 

Uma ideia serôdia!

Sócrates para forçar os professores a satisfazerem a vontade da Ministra e poder, mais tarde, levantar a bandeira da domesticação dos professores (tão ao gosto da democracia musculada) descobriu, agora, que «ninguém tem o direito de violar a lei».

Foi pena chegar a essa conclusão tão tardiamente, muito depois de ter projectado os mamarrachos que envergonham a Cova da Beira e ter feito por fax os tais exames da sua licenciatura. E é pena que Vital Moreira, o grande intelectual orgânico do regime, não o ajude a compreender a distinção entre legal e legítimo.

É que o Primeiro Ministro deveria saber que nem tudo o que é legal é legitimo e a lei da avaliação dos professores é ilegítima, porque não se harmoniza com o interesse público, cavando conflitos desnecessários, nem protege princípios éticos, como o da imparcialidade, da equidade e da justiça.

 

Santos Silva e a avaliação dos professores

Gostava de perceber a lógica, o sentido de Estado e de justiça que tem o Ministro Santos Silva. Apoiando a Ministra da Educação, no final de uma reunião na sede do PS, o Ministro dos Assuntos Parlamentares declarou: “a avaliação dos professores tem de ser feita e, depois, no fim do ano, altera-se o que for necessário”.

E o que se passa com os professores que forem por esta avaliação injusta, inexequível e esquizofrénica avaliados?!... Ficam com a injustiça em cima do lombo ou diz-se que toda a trapalhada da avaliação não foi para valer?!..
Será isso razoável, só para que o Ministro debita ao eleitorado a vitória do PS na domesticação dos professores?!...

Quem conheceu o sociólogo e ex-trotskista Santos Silva e, agora, lhe ouve essa afirmação, ficará não só perplexo, mas com um nome muito feio trancado na garganta!

segunda-feira, novembro 17, 2008

 

O adereço fotogénico de Sócrates.

Sempre pensei que o Magalhães da canalhada não se destinava propriamente a desenvolver as capacidades cognitivas das crianças do ensino básico, mas tinha outro objectivo: ser o adereço fotogénico de Sócrates.
É, hoje, notícia que na visita de Sócrates à Escola do Freixo, em Ponte de Lima, o minicomputador distribuído pela sala de aulas, serviu para Sócrates, com a canalhada que o rodeava, pousar para a fotografia com ternurentos sorrisos, num cenário de autêntico deslumbramento tecnológico. Logo que as fotos foram disparadas e os aparelhos das televisões gravaram o “feito”, para dele darem notícia a jorros, o Magalhães regressou aos caixotes, longe dos desvarios da pequenada. É preciso que fique bonitinho e direitinho para novas aplicações.
É, assim, a revolução tecnológicas deste Governo. O que é preciso é “lata”!

domingo, novembro 16, 2008

 

Son los ríos

Somos el tiempo. Somos la famosa
parábola de Heráclito el Oscuro.
Somos el agua, no el diamante duro,
la que se pierde, no la que reposa.
Somos el río y somos aquel griego
que se mira en el rio. Su reflejo
cambia en el agua del cambiante espejo,
en el cristal que cambia como el fuego.
Somos el vano río prefijado,
rumbo a su mar. La sombra lo ha cercado.
Todo nos dijo adiós, todo se aleja.
La memoria no acuña su moneda.
Y sin embargo hay algo que se queda
y sin embargo hay algo que se queja.

(Jorge Luis Borges)

sábado, novembro 15, 2008

 

Carta Aberta do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino ao Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação

Senhor Secretário de Estado:

Não pode deixar de nos preocupar – enquanto inspectores da carreira técnica superior de inspecção da educação – a notícia inserta na página 9 do "Público" de hoje, 11 de Novembro, com o título "Governo não avança para já com processos disciplinares a quem recusar avaliação" – a serem autênticas as declarações que a agência "Lusa" lhe atribui, Senhor Secretário de Estado, e que o jornal transcreve. "O ministério da Educação não fará nada para aplicar esses processos [disciplinares] neste momento", terá dito o Senhor. Mesmo que tenha dito apenas isto, é óbvio que o Senhor Secretário de Estado já disse demais. Ao dizê-lo, faz recair sobre os docentes, ao mesmo tempo, uma ameaça e uma chantagem – e infecta com um acriterioso critério de oportunidade um eventual desencadeamento da acção disciplinar. Como se lhes dissesse: «"neste momento" ainda não vos posso apanhar, mas não esperam pela demora...». Por que é que "neste momento" o Ministério não fará nada?... Porque entende que "neste momento" a acção não é oportuna. E pode a tutela reger-se, nesta matéria, por critérios de oportunidade?... A resposta é: sim, pode. E quais são eles? Bem, as coisas aqui complicam-se, porque a resposta fica eivada de uma fortíssima carga subjectiva, uma vez que, nesta matéria, não estão taxativamente definidos limites que impeçam um elevado grau de discricionariedade. Digamos que, no essencial, mais do que por condicionantes legais, são as condicionantes éticas que devem filtrar a oportunidade do recurso a critérios de oportunidade. E é neste domínio que devem ser apreciadas as suas declarações, Senhor Secretário de Estado. Mesmo na hipótese de comportamentos de docentes poderem configurar infracção dolosa da lei – nada impede que, por critérios de oportunidade ou outros, se decida não agir disciplinarmente sobre eles, agora ou em qualquer altura. A própria lei consagra essa possibilidade. Mas para tal os critérios têm de ser transparentes e publicitáveis, sob pena de – no caso ora em apreço – a oportunidade servir de biombo ao oportunismo e a discricionariedade servir para esconder a arbitrariedade. Em rigor, não estando nós dentro da sua cabeça, não sabemos por que é que o Senhor Secretário de Estado entende que este não é “o momento”, mas algo nos diz que este seu juízo de valor se relaciona com o facto de no passado dia 8 terem estado na rua 120.000 professores em protesto contra o Ministério da Educação…Por outro lado, quando e se “o momento” surgir, quem vai fazer o quê? Vão os Senhores Presidentes dos Conselhos Executivos, ou os Senhores Directores Regionais da Educação, ou a Senhora Ministra da Educação, instaurar processos disciplinares às centenas ou aos milhares?... Vamos nós, os Inspectores da Inspecção-Geral da Educação, instruir processos disciplinares às centenas ou aos milhares?... Isto é: vamos tentar resolver(!) pela via da acção disciplinar problemas que possuem a sua raiz claramente fora dela – correndo o risco de instrumentalizar e governamentalizar a Inspecção, sem honra nem glória para nenhuma das partes implicadas e, no limite, com prejuízos para todas elas? Não se pode pedir aos Inspectores da Inspecção-Geral da Educação que retirem do lume as castanhas que outros lá colocaram. Basta de alimentar fantasmas que Professores e Inspectores, e mesmo algumas tutelas, há muito lutam para que desapareçam, particularmente desde o 25 de Abril de 1974! O Senhor Secretário de Estado provavelmente desconhece – e para que o conhecesse bastava que lesse Camões – que uma lei não é justa porque é lei, mas porque é justa, e que o que há de mais permanente na lei é a sua permanente mudança, e que mesmo esta já não muda como “soía”, e que, se assim não fosse, o Código do saudoso Hamurabi continuaria em vigor; o Senhor Secretário de Estado, se alguma vez o soube, esqueceu tudo o que leu do sempre presente Henry David Thoreau e da sua “desobediência civil” O que há de doloroso em tudo isto – e ainda mais num Ministério da Educação – é que, no fundo, estamos confrontados com um problema de cultura, ou de falta dela. Perante isto, os critérios de oportunidade, ou as suas declarações, Senhor Secretário de Estado, ou a potencial instrumentalização e governamentalização da Inspecção – tornam-se, a prazo, questões irrelevantes. Mas temos também a obrigação de, no imediato, sabermos lidar com a circunstância, e de compreendermos a gravidade que ela assume. Não questionando a legitimidade dos governos no quadro do Estado de direito democrático, a verdade é que, exactamente por esse quadro, as Inspecções da Educação são inspecções do Estado e não do governo, e não podem deixar de funcionar sob o registo de autonomia legalmente consagrado. Citando aquele que foi o primeiro Inspector-Geral (da então Inspecção-Geral do Ensino), “a Inspecção, isto é, cada Inspector, está condenada/o a ser a consciência crítica do sistema”. Entre nós, Inspectores de todas as inspecções da educação, costumamos dizer que, não raramente, andamos “de mal com os homens por amor d’el-rei e de mal com el-rei por amor dos homens”. Uma exigência, Senhor Secretário de Estado: os Inspectores da educação querem ser parte da solução, não querem ser parte do problema. O Senhor Secretário de Estado e o Ministério da Educação – o que é que querem?...
Pel’A Direcção do S.I.E.E.
José Calçada
(Presidente)

Porto, Novembro, 11, 2008

 

Mais uma manifestação!

Cerca de 25 mil professores manifestam-se, hoje, mais uma vez, contra o obtuso e arbitrário processo de avaliação determinado pela equipa do Ministério da Educação.

O protesto foi convocado por movimentos independentes, sete dias após a maior manifestação de sempre de docentes.

A Ministra teima em não reconhecer que esta avaliação é absurda e sem sentido. Mas a sucessão de manifestações com lenços brancos, t-shirts pretas com a inscrição "estou de luto pela Educação" e slogans, como "Votar no PS nunca mais", "Com tanta papelada fica a turma abandonada", "Esta avaliação, não" e "Política educativa do PS - fim do ensino público"- , não deixam muito espaço a Sócrates e espera-se um simplex: o despedimento da Ministra.

 
Um responsável do SINDEP revelou ao DN, ilustrando o modelo de avaliação da ministra Lurdes Rodrigues, o caso concreto de uma professora com 9 turmas e 193 alunos que vai ter que introduzir manualmente no computador 17 377 registos e fazer 1456 fotocópias, além de participar em algo como 91 reuniões.

Contas feitas, a 1 minuto por registo, e visto que a professora é um Usain Bolt informático, e não dorme nem come, nem se coça, nem se assoa, inteiramente entregue à avaliação, são 290 horas, isto é, 12 dias (noites incluídas).

Já 1456 fotocópias a 1 minuto cada (tirar o papel do monte, pô-lo na bandeja da fotocopiadora topo de gama da escola, esperar que saia fotocopiado e colocá-lo noutro monte), levam-lhe mais um 1 dia (noite incluída). E 91 reuniões, também de 1 minuto, mais 91 escassos minutos. Ao todo, a professora fará a coisa em pouco mais de 13 dias (noites incluídas).

Qual "pesadelo burocrático" qual quê! No fim ainda lhe sobrarão, se alguém a conseguir trazer do cemitério ou do manicómio, 152 dias para dar aulas, aprovar os 193 alunos e contribuir para as estatísticas da ministra.

Manuel António Pina (in:JN)

 

Declaração do IDP sobre o "Processo de Avaliação dos Professores"‏

A avaliação é uma prática indispensável para a valorização de qualquer trabalho, nomeadamente a actividade docente, em que classificar e “dar notas” é intrínseco ao processo de ensino e aprendizagem.

O novo sistema de avaliação de desempenho do pessoal docente, introduzida pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, baseia-se em modelos oriundos do mundo empresarial americano dos anos 70, introduzidos e espalhados nos relatórios do Banco Mundial e depois forçados para o interior do sistema educativo de vários países, entre os quais, e só agora, o Português.

Este Decreto vem na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro sobre Estatuto da Carreira Docente dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, em que a introdução lesiva da distinção entre professores titulares e não titulares fez tábua rasa do trabalho de toda uma geração de professores porque só contou para a progressão na carreira com a actividade docente posterior a 1999/2000.

Por seu turno, o Estatuto da Carreira Docente agrava os danos causados pelo decreto sobre o novo modelo de Gestão Escolar, pelo projecto de concursos para 2009, pela prova de ingresso na carreira, pelo Estatuto do Aluno, tudo peças de uma política que tem vindo a contribuir para a degradação da qualidade de ensino que a Escola Pública vem alcançando com o contributo e o esforço dos seus professores.

Com este conjunto de diplomas, o chamado “Ministério da 5 de Outubro” tem tratado os alunos como recipientes de uma esmagadora massa de conhecimentos sem coesão (número médio de disciplinas no 3º Ciclo é de 14) e de novas tecnologias desfasadas da aprendizagem de conteúdos (programas e-escola e e-escolinha); e tem tratado os professores como distribuidores de instrução, ignorando que a educação é um processo cultural e que professores e educadores são licenciados, ou seja, têm liberdade de ensinar, devendo os normativos, decretos e leis do Ministério ter um papel subsidiário perante esta missão central que é a sua dignidade.
Na perspectiva da esmagadora maioria dos agentes de ensino - como consta de declarações de centenas de escolas que suspenderam o processo de avaliação, de muitos movimentos de professores organizados na blogosfera, uma ferramenta da sociedade civil, dos vários sindicatos representativos da classe, incluindo o sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino subalternizados neste processo - em vez do “envolvimento e empenhamento” por parte dos docentes no ensino, como prevê o Conselho Científico para a avaliação dos professores, cresceram os sinais de um clima de cansaço, ansiedade, indignação e contestação dos professores e educadores, que está a prejudicar o processo de ensino-aprendizagem.


Essa contestação que já tivera uma expressão maciça no dia 8 de Março de 2008 com uma manifestação de cerca de 100.000 professores e educadores teve uma nova expressão na manifestação do dia 8 de Novembro, com cerca de 120.000 professores e educadores, numa classe que, em termos nacionais, tem cerca de 160.000. E, facto ignorado pela generalidade da comunicação social, a manifestação terminou com o entoar do hino nacional na Praça Marquês de Pombal, constituindo uma expressão de que nenhum sindicato, partido ou moivmento se pode arrogar a condução desta movimentação que foi, simplesmente, de todos os professores portugueses.

Assim, o Instituto da Democracia Portuguesa, ouvidos os seus associados, declara o seu profundo desacordo perante este modelo de avaliação

1.Porque a complexidade e obtusidade do modelo faz com que a sua operacionalização esteja sempre inacabada, independentemente do tempo que se lhe dedique.

2.Porque não foram definidos procedimentos credíveis de observação para a avaliação dos numerosos itens constantes nas fichas de avaliação, em grande número, e eminentemente não objectiváveis.

3. Porque a aplicação deste modelo desfoca avaliadores e avaliados do desenvolvimento do ensino e, assim contradiz a melhoria das aprendizagens dos alunos (ponto 2, artigo 40.º do Decreto-lei 15/2007 de 19 de Janeiro).

4. Porque a aplicação deste modelo põe em perigo o clima de confiança e colaboração entre os diversos professores e destes com os conselhos executivos, com danos para professores, alunos e pais.

A responsabilização do chamado “Ministério da 5 de Outubro” pelo clima de tensão criado nas escolas exige a suspensão deste modelo de avaliação que só tem efeitos negativos sobre a qualidade da educação e o desempenho profissional dos docentes; e exige a construção de outro modelo de avaliação em diálogo com os parceiros sociais empenhados no processo educativo e sem as limitações, arbitrariedades e injustiças do actualmente em vigor.

A Direcção do IDP
Lisboa, 14 de Novembro de 2008

 

A alma estalinista vem sempre ao de cima:

Escreve Vital Moreira: "Num Estado de direito, ninguém se pode arrogar o direito de não cumprir as leis, mesmo discordando delas. E, numa democracia, o cumprimento das leis não depende, nem pode depender, da concordância de quem a elas está obrigado..."

Perguntamos:
Ao serviço de quem deve estar a lei?!... Não haverá, pelo menos, direito à objecção de consciência, quando a lei é má?!... E quando as leis são más, não devem ser alteradas? Para ser coerciva, a lei não deverá ter uma força moral?!... Que força moral tem a lei que configura a avaliação de professores se é estúpida, desajustada e não visa a melhoria da qualidade do ensino, mas apenas poupar dinheiro?
Lembra-se o intelectual orgânico Vital Moreira dos exames por fax de Sócrates e dos mamarrachos ilegais que este senhor construiu na Cova da Beira?!... Por que não aplica os seus princípios ao engenheiro de mamarrachos? Que sentido da universalidade dos princípios tem, então,Vital Moreira?
O que levará o intelectual orgânico Vital Moreira a regressar ao tom estalinista de outros tempos para agradar a Sócrates?!....
Obs: Para que Vital Moreira possa perceber de que lei se fala, deixo um blog que ajuda a compreender a "brilhante" ideia da avaliação proposta por este M.E:
http://partilhadosaber.blogspot.com/2008/10/perverso-na-avaliao-dos-professores-no.html

 

“Os professores”

Um bom professor é o que é capaz de transmitir a paixão por aprender.” Eis uma boa síntese do que é um professor competente e que nenhuma avaliação consegue premiar.

Hoje, no “Público”, Vasco Pulido Valente escreve um excelente artigo sobre “Os professores”.

Convém não perder!

sexta-feira, novembro 14, 2008

 
Pela Cidade do Porto,
subscreva:

http://www.petitiononline.com/forumprt/petition.html

 

Regresso da teoria da conspiração

Já anda por aí a teoria da conspiração. Por detrás dos alunos que, por sms, convocam manifestações ou incitam a atirar ovos aos responsáveis do ministério, está um lobo mau. Já foi comunista, socialista, democrata-cristão e agora é professor.

No meu tempo, contestou-se as queimas universitárias com ovos atirados ao reitor nas investiduras das insígnias e também, como estudante, participei em muitas greves. E suponho que Albino Almeida, dirigente da CONFAP, nunca terá dito que a greve que eventualmente fez no Magistério Primário do Porto foi manipulada por mim, uma vez que fui, nessa altura, seu professor. Também nessa altura, nem ele nem possivelmente Vitalino Canas, terão pensado no “no ambiente insustentável que esse procedimento criava para as famílias”.

Mudam-se os tempos, mas repete-se a teoria da conspiração. Hoje, ao serviço de Sócrates; ontem, ao serviço de Salazar ou Marcelo Caetano.

Será por acaso ou só porque não se percebe que quem semeia ventos colhe tempestades?!.

 

"Marx morreu"? Viva Marx!

Está a decorrer, em Lisboa, um colóquio internacional sobre Marx. Nenhuma reflexão me parece mais importante do que essa, numa altura de profunda crise do capitalismo.

Naturalmente, o conceito de capital e de trabalho não são os mesmos que tinha Marx, mas também não aplicamos, hoje, os conceitos de regimes políticos da mesma forma que Aristóteles os analisou e não é por isso que deixamos de reflectir sobre o que este Filósofo escreveu na “Política”.

Lembro-me, como se fosse hoje, das palavras de um amigo, quando há muitos anos, no Lar da JUC (juventude universitária católica) devorava o que escreveu Trotsky. Disse-me ele: “Porque não aprofundas as tuas leituras em Marx?!... Nele está tudo o que é importante para pensarmos num mundo mais justo!”.

Quando nos inícios da década de 90 Fukuyama publicou “O fim da História”, procurei perceber a razão dessa ideia. O autor via no liberalismo económico o desfecho do que Hegel considerava a síntese suprema da história: “todo o real se tornava racional”. Para Fukuyama, a liberdade e a igualdade tornavam-se numa espécie de estado final do progresso da razão e é neste sentido que vê o “fim da História”. Seguidamente, outros se apressaram a proclamar todos os fins: o fim da política, o fim da filosofia, o fim das ideologias e outros do género. Só ficou espaço para o pragmatismo; isto é, para a ideia de que se pode deitar imediatamente a mão a tudo o que interessa ou é útil, sem as preocupações que fizeram os valores da modernidade e isso é que nos libertava (segundo os pragmáticos) do peso esmagador da autoridade e das regras e nos fazia muito pós-modernos.

O pragmatismo foi o alimento do neo-liberalismo que rompeu com regras e valores e abriu espaço ao egoísmo sem limites.

Achei sempre que essa visão não tinha em conta o darwinismo social que está na “genética” do liberalismo, tornando os ricos cada vez mais ricos e em menor número e os pobres cada vez mais pobres e em maior número. Penso que os últimos acontecimentos da crise mundial dão razão ao que sempre pensei.

Revisitar Marx não é só regressar ao pensamento profundo de um homem que teorizou sobre a exploração capitalista, mas também encontrar os instrumentos teóricos que melhor nos ajudam a compreender a sociedade em que vivemos e a romper com um conceito de política tornado num “jogo de ilusões”, passando a pensá-la como uma forma de servir causas e organizar um mundo mais justo e mais humano.


Viva Marx, após Karl Heinrich Marx!!!

terça-feira, novembro 11, 2008

 

É inevitável!

Este Governo levantou voo da realidade, fala de um País que não é o que todos nós vivemos e recorreu a um autoritarismo autista na esperança de colher votos no Portugal profundo: o que gosta de ver nos governantes uns domadores de touros. O comportamento da Ministra da Educação é o paradigma desta postura governativa. Rodeada de incompetentes vai diabolizando os sindicatos e fechando os olhos ao que se passa nas escolas. O seu chefe, Sócrates, procura, entretanto, distrair os portugueses com a retórica propagandística dos erros passados da oposição. Mas o que se passa com o Banco Português dos Negócios, os efeitos do Código do Trabalho, o desemprego, a crise no consumo, o que diz hoje Manuel Alegre sobre a Ministra da Educação e as manifestações dos professores não estão a ajudar a arte para o ilusionismo de que é exímio Sócrates e o seu Governo.

Ou muito me engano, ou é inevitável que as próximas sondagens já dêem conta da queda do Governo na opinião pública. E vai ser curioso, ouvir as reacções dos apaniguados do regime e dos seus intelectuais orgânicos.

sábado, novembro 08, 2008

 

Unidos, contra a estupidez

Os professores mais uma vez manifestam-se, hoje, na rua contra este Ministério da Educação, incompetente e arrogante. A reacção deste Governo já se adivinha: procurará iludir o País com a demagogia de circunstância: se os professores não querem esta avaliação, é porque não querem nenhuma. O pior, mesmo o mais dramático, é que o País, a sociedade civil, está distraída e não percebe que nesta luta dos professores não está só em causa uma avaliação estúpida e sem sentido, mas também o direito da geração dos seus próprios filhos à esperança no Futuro

Hoje, a escola é um lugar de risco e de suplício. Os professores não têm tempo para fazerem o que devem fazer. Nada lhes pode “sair de dentro”, isto é do que faz parte do exercício de uma profissão: dar testemunho (“professar”) de um saber (para ensinar) e de um viver (para educar).

O exercício de ensinar é, por natureza, a dedicação a uma causa. Mas o que este Ministério exige aos professores é que gastem o tempo entre papelada confusa, a preencher fichas de avaliação copiadas de países que já as abandonaram e a cumprir objectivos estatísticos: os que fazem parte do “folclore” político. E há uma justificação para que isso aconteça: procurem conhecer os currículos dos que compõem o ministério e as direcções escolares. Quase todos eles nunca foram verdadeiramente professores, mas fizeram, no intervalo da política, uns “biscates” numas escolas. Daí não entenderem as consequências da irracionalidade burocrática que criaram.

Parafraseando um ditado, poderíamos dizer: diz-me qual é a qualidade dos que compõem este ministério da educação e dir-te-ei a qualidade do ambiente que tens nas escolas. Se o País não entende que isto é dramático, é porque não quer saber do direito ao futuro dos seus próprios filhos.

sexta-feira, novembro 07, 2008

 

Viu a libertação!...

Fátima Felgueiras sentiu-se, hoje, liberta. O Tribunal condenou-a em três anos e meio de prisão com pena suspensa e perda de mandato. Mas que interesse pode ter isso?!... O recurso que vai apresentar é que é importante. A Fatinha, tal como Avelino Ferreira Torres, sabe que de recurso em recurso tudo ficará até à eternidade em trânsito, o que, para todos os efeitos, é o mesmo que lavadinha de branco. O branco da imaculação! A própria condenação terá uma mutação semântica, passando a ser uma coisa indefinida, sem significado especial

Pode, tal como já faz Ferreira Torres, começar a preparar a sua recandidatura a Felgueiras. E o “povo” tem-na como um modelo, modelo de um País onde o único valor de sucesso é meter a mão no bolso do contribuinte, falando-lhe ao coração.


Não admira, por isso, que até o advogado, ex-militante da UDP, ficasse com esta sentença comovido e a Fatinha, na sua sabedoria autárquica, dissesse que viu na sentença uma libertação. E ela não é uma vidente qualquer!!!...

sábado, novembro 01, 2008

 

Oh Eça, vem cá abaixo ver isto!... Ou mudo de nome!

Reuni a família, consultei os amigos e pedi opinião aos cientistas -- os da política que, como se sabe, se tornou na única ciência certa. Ninguém me conseguiu explicar por que é que Sócrates (não o Filósofo mas o pregador do reino de deus) faz tanta propaganda ao magalhães, um computador infantilizado, envolto em suspeitas de contrafacção e pensado para a canalhada.

Eu sei que, como faria o Dâmaso Salcede d’ Os Maias, o nosso Primeiro associou o dito computa a um só magalhães, o tal Fernão Magalhães que, segundo historiadores espanhóis, (sempre mais rigorosos que os portugueses) foi pirata, desleal a D. Manuel e se aproveitou das confidências de Francisco Serrão para fazer uma viagem de circum-navegação e vender a D. Carlos V de Espanha por novos mundos, mundos já conhecidos.

Eu sei que faz parte do “sangue” deste tipo de magalhães levar a banha de jibóia, o virus informático, a contrafacção e outras piratices a navegar por feiras de velhos mundos.

Eu sei que Platão já tinha referido na República que o seu mestre, o verdadeiro Sócrates, tolerava a mentira aos chefes de regime, já que considerava que o povo, com pouca memória, não se apercebe da verdade e falar-lhe com essa preocupação é inútil.

Sei tudo isto, mas também sei que os verdadeiros Magalhães, como Filipe Magalhães, jurista, Teixeira Magalhães, teólogo, Gabriel Magalhães, missionário, Alfredo Magalhães, médico, Jacinto Magalhães, cientista, etc., etc. foram todos homens de rigor e de bons costumes, fazendo com que Magalhães nada tenha a ver com a pirataria, o negócio da contrafacção, feiras de bugigangas ibero-americanas ou a propaganda da banha de jibóia.

Sei tudo isso e, por isso, espero que Eça desça cá abaixo e veja como vai esta “choldra”. E é com esta esperança que não mudo de nome e não vou trair os Magalhães que, como verdadeiros cavalheiros, tiveram sempre o sentido de Estado e a verdade como virtudes iguais à honra.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?