quarta-feira, outubro 29, 2008

 

A solidão e sua porta

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinha na batalha

e arquitectar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é solvente e provisório
e de que ainda tens saída:
entrar no acaso e amar o transitório

Carlos Pena Filho

terça-feira, outubro 28, 2008

 

VIA NOVA (Um artigo de Manuel Alegre)

Segundo o general de Gaulle, comete-se por vezes o erro de ter razão antes de tempo. Na moção "Falar é preciso", apresentada ao Congresso do PS em 1999, cometi esse erro:
"A crise financeira que alastrou, dos mercados asiáticos à Rússia e já ameaça gravemente o Brasil e toda a América Latina, pode minar, de um momento para o outro, pela incerteza e pela volatilidade, o próprio funcionamento dos maiores centros financeiros do mundo. A 'mão invisível' falhou. São os mais ortodoxos ultraliberais, como Milton Friedman, quem vêm agora pedir a nacionalização da banca no Japão.

"E é por isso que é necessária uma nova esquerda. À escala europeia, primeiro. Mas capaz de se fazer ouvir, também, à escala mundial. À dimensão planetária do actual poder económico, financeiro e mediático, há que contrapor uma alternativa política.

"Temos de continuar a exigir uma reforma das instituições internacionais, do FMI ao Banco Mundial, para que deixem de ser arautos e agentes do pensamento único. Outra lógica terá de presidir à Organização Mundial do Comércio, para que a livre circulação de mercadorias não se torne em mais um instrumento de enfraquecimento das economias mais frágeis.

"É preciso regular os mercados financeiros mundiais, cuja ditadura e irracionalidade põem em causa a própria estabilidade dos sistemas políticos democráticos."

Que fazer agora?

Os defensores do Estado mínimo, ideologicamente derrotados, pedem a intervenção do Estado. Para quê? Suspeita-se que para manter o que está e socializar as perdas. O problema é que, se tudo ficar na mesma, as mesmas causas produzirão os mesmos efeitos.

E a esquerda?
Como escrevi, também antes de tempo, na moção que levei ao Congresso do PS de 2004:

"A esquerda tem de integrar e debater, no seu pensamento próprio, os princípios e os instrumentos possíveis de regulação da globalização: o combate à predação das multinacionais que localizam e deslocalizam investimentos a seu bel-prazer, a taxação das transacções financeiras internacionais, a abertura dos mercados dos países desenvolvidos às exportações oriundas dos países em vias de desenvolvimento, a travagem da proliferação dos off-shores, o combate à economia 'suja' dos tráficos de pessoas, drogas e dinheiro, o combate à exploração de mão-de-obra infantil, escrava ou sem quaisquer direitos sociais, e à degradação ambiental."

Propus então um novo Contrato Social. E um Estado estratega, "cuja função não se reduz ao papel de árbitro, mas de produtor de bens públicos essenciais, desde o funcionamento do Estado de Direito à promoção dos serviços de interesse geral e à regulação dos mercados. Um Estado estratega a quem caberá suprir as falhas do mercado e estimular áreas ou sectores qualificados." E acrescentava: "Para desempenhar essa função, o Estado precisa de manter nas suas mãos instrumentos eficazes, como por exemplo a Caixa Geral de Depósitos."
Hoje até Alan Greenspan reconheceu que errou ao confiar que o mercado pode regular-se a si próprio. Mas, em 2004, aquelas ideias que propus pareceram arcaicas aos fundamentalistas do neoliberalismo e aos entusiastas da chamada esquerda moderna.

Não se sabe que réplicas se seguirão ao tsunami que abalou o sistema financeiro mundial. Nem até que ponto irá a recessão económica e quais as suas consequências sociais e políticas. Sabe-se que nada ficará como dantes. Mas em que sentido se fará a mudança? Era aí que a esquerda deveria ter um papel. Mas onde está ela? Talvez algo de novo possa surgir de uma vitória de Obama. Pelo menos um sopro de renovação. Mas há um grande défice de esquerda na Europa.

Uma nova esquerda só poderá nascer de várias rupturas das diferentes esquerdas consigo mesmas. Ruptura com as práticas gestionárias e cúmplices do pensamento único. Ruptura com a cultura do poder pelo poder e com o seu contrário, a cultura da margem pela margem, da contra-sociedade e do contrapoder. Processo difícil, complicado, mas sem o qual não será possível construir novas convergências.

Não para a mirífica repetição da revolução russa de 1917, nem para um modelo utópico global. Tão-pouco para segundas ou terceiras vias. Mas para uma via nova, que restitua à esquerda a sua função de força transformadora da sociedade e criadora de soluções políticas alternativas
Manuel Alegre
Deputado do PS, vice-presidente do Parlamento
Presidente do Conselho de Fundadres do MIC

segunda-feira, outubro 27, 2008

 

Um bom método para o desempenho dos ministros.

Dizem que Carlos Queiroz obriga os jogadores da selecção a passar horas e horas a ver vídeos de jogos para corrigirem as suas actuações.
Ora aí está um óptimo método para aplicar aos ministros do governo PS. Se, por exemplo, Santos Silva fosse obrigado a ver os vídeos da sua prestação na comunicação social, talvez recolhesse aquele dedo em riste, compreendesse que não fica bem meter no mesmo saco hospitais, TGV e outras obras faraónicas, deixasse de responder às entrevistas com a insuportável arrogância dos subentendidos e abandonasse aquele ar tão empertigado que, para causar enjoo, até dispensa o adereço do curto bigode.

 

Advinha-se uma profunda crise!

Os fretes que o PS fez às organizações patronais estão a ter um efeito de boomerang. A CIP já está a barafustar contra o aumento do salário mínimo nacional e ameaça com despedimentos. E é fácil cumprir a ameaça, já que o PS lhe forneceu todos os instrumentos que permitem despedir rapidamente e sem custos: basta-lhe recorrer a estratagemas como a mobilidade, adaptação ao posto de trabalho, etc.
O desemprego vai aumentar, a Segurança Social não vai ter dinheiro para apoiar todos os desempregados e abrem-se todas as condições para, contrariamente ao que muitos julgam, o PS perder as eleições de forma humilhante.


Percebia-se que a crise financeira estava a rebentar (bastava ler alguma imprensa da especialidade) e, quando era necessário fixar o emprego, este PS abre, com o novo código do trabalho, as portas aos despedimentos, esvaziando de sentido as suas raízes ideológicas.

Sócrates pode continuar com os seus golpes de rins a fazer a pregação do novo reino, mas, quem vive o dia a dia nesta Terra, durante muitos anos, não deixará de conotar o PS com os partidos ditos socialistas africanos e não será de estranhar que a crise social que se advinha ganhe contornos de perigosa instabilidade.

 

Espelho

Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo imediatamente
Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão.
Não sou cruel, apenas verdadeiro
-O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente.
Ela é rosa, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo,
Eu acho que ela é parte do meu coração.
Mas ela oscila.Rostos e escuridão nos separam toda hora.

Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Buscando na minha superfície o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e as reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.
A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão.
Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha
Se ergue em direção a ela dia após dia, como um peixe terrível.

Sylvia Plath
trad. de André Cardoso
Obs: enviado por Amélia Pais

sexta-feira, outubro 24, 2008

 

Ao amigo e camarada com quem me cruzei em velhas lutas.


Caro Pedro Baptista:


Não vais ganhar a corrida à liderança distrital, porque a democracia aberta e responsável no interior do PS está doente e muito doente! É certo que o mesmo acontece em todos os outros partidos, mas isso não nos dá vantagem nenhuma.

Já não estou no PS há muito tempo. Mas tenho pena que, tal como eu, ninguém se sinta, hoje, representado pelos deputados ou pelos líderes; nenhum de nós sente que o seu voto vai ter correspondências nas expectativas que nos criam; nenhum de nós espera já lideranças de mérito, porque estas são impedidas pelo jogo de interesses, sindicatos de voto, tráfico de influências, etc.

Podia-se corrigir o mal-estar, que a falta de líderes prestigiados no Distrito do Porto cria, com uma reforma simples: votação em listas abertas (como já acontece em alguns partidos, em outros países), onde se pudesse exercer o legítimo e responsável direito de riscar os nomes que figuram nas listas, mas que não têm para o eleitor qualquer credibilidade. Sem esta pequenina reforma, não é possível impedir o que já está a acontecer no PS do Porto: o filho sucede ao pai, o padrinho apoia o afilhado, a namoradinha encontra uma cota para um lugar como deputada, etc.

Os partidos, tal como existem hoje, sem ideologia e transformados em grupos de interesse, tornaram-se todos iguais e estão a caminhar para o tipo de organizações mafiosas.

A grande crise, a crise mãe de todas as crises, é a crise de organização dos partidos. Vê como se debatem os problemas do País!... É sempre a olhar pelo espelho-retrovisor, acusando os adversários do que fizeram no passado. Negam o que a própria ciência considera fundamental: aprender com os erros, aceitar que o futuro está aberto e que o que aconteceu no passado não é crível que se repita no futuro. Além disso, que moral há para argumentar com o passado, se todos têm telhados de vidro?!...

Com as tuas ideias deste um excelente contributo para uma reforma do PS. É certo que, enquanto o PS for governo e mesmo nos próximos tempos, ela não vai acontecer! Procurarão exorcizar o teu pensamento com ataques pessoais. Mas continua a ser uma verdade incontornável que é na mediocridade confrangedora, na falta de credibilidade dos directórios partidários e no modo perverso de funcionamento dos partidos que está a causa de todas as crises: as crises financeiras, a crise nas escolas, a crise de sentido de Estado, a crise de serviço do bem-comum, a crise que leva à desmotivação dos que servem o Estado, etc.

Já reparaste que estão a desaparecer dos partidos os que, na nossa geração lutaram contra o fascismo?!... Eles, os teus adversários, não sabem o que era a luta pela democracia,pela liberdade, pela justiça e o preço que se pagava por essa luta, eles estão na política porque fora dela não são ninguém, eles não percebem que os partidos não se justificam por si, mas pelo que podem representar de expectativas de promoção de um bom governo, um governo que diminua o sofrimento dos que mais sofrem.

Se os partidos não retomarem a razão que lhes deu sentido, se não se reformarem, a democracia será um conceito vazio e sem interesse. Essa é a grande ameaça e foi contra isto a tua luta.

Não te agradecerão a forma aberta e frontal com que fizeste essa luta, mas um dia haverá quem te dará razão. Bem hajas por isso!!!

João Batista Magalhães

quarta-feira, outubro 22, 2008

 

Já não era sem tempo!...

Avelino Ferreira Torres (o ex-dirigente do CDS, ex-presidente da Câmara do Marco, ex-vereador da Câmara de Amarante e actual candidato à autarquia do Marco, tendo na sua lista como nº 2 a ex-presidente da Câmara de Baião, Drª Emília Silva do PSD) foi, hoje, expulso da sala de audiências do Tribunal por «desrespeito» ao colectivo de juízes que o julga em mais uma acusação de crime de peculato durante o seu “reinado” no Marco de Canaveses.

Não se estranha que tenha desrespeitado juízes; não se estranha que depois de condenado por crimes de peculato continue a ser acusado de crimes semelhantes; não se estranha que, enquanto os seus recursos passem de Tribunal em Tribunal até ao Tribunal Constitucional, possa concorrer novamente à Câmara do Marco; não se estranha que tenha como nº2 da sua lista uma social-democrata que já foi presidente de câmara e tida como autarca modelo pelo PSD; não se estranha que, eventualmente, ganhe as eleições no Marco ao social-democrata Manuel Monteiro: o que nos deixa perplexos é, finalmente, um colectivo de Juízes fazer o que lhe competia: expulsar o trauliteiro Avelino da sala de audiências por não saber comportar-se como um cidadão normal!

terça-feira, outubro 21, 2008

 

Um texto que dá que pensar!....

AS VERDADES OCULTAS EM PORTUGAL LISBOA, 21 sep (IPS)

Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el 'club de los ricos' del continente.

Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados. La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales. A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del 'grupo de los pobres' de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.

En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque. 'La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona', afirma la organización. En el sector privado, 'los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas', afirma la OCDE. '

La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental', señala el documento. Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos. Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios. Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.

En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia. Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.

Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones. También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.

El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que 'el mercado decide los salarios'. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. 'Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado', dijo.

En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, 'los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia', explicó Cravinho. Estos mismos grandes accionistas, 'son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos', lamentó el ex ministro.

La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años 'está siendo pagada por las clases menos favorecidas', dijo. Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados.

El último es el de la crisis del sector automotriz. Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares. Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.

Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla.

Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia. Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos 'están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo'.

Para muchos 'es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión', dijo Felipe, aclarando que hay excepciones. Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país', opinó. La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.

Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones 'obscenas' y 'escandalosas', según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello. 'En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro', criticó Metello.

La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los lamados profesionales liberales. Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).

Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, 'le roban nueve a la comunidad', pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros. Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos 'roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo', comentó con sarcasmo.

Si un país 'permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad', sentenció.

Cumprimentos,

António Soares

 

Não se entende!...

O Presidente da República promulgou a nova Lei do Divórcio, mas diz que “o novo regime jurídico do divórcio irá conduzir na prática a situações de profunda injustiça, sobretudo para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, ou seja, como é mais frequente, as mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores".

Mas, então, que coerência há nesta promulgação?!... Será que está garantido o regular funcionamento das instituições e a coesão social, quando o Presidente da República publica uma lei que no seu entender “irá conduzir na prática a situações de profunda injustiça”?!...

Não se percebe o papel que quer desempenhar Cavaco Silva!...

segunda-feira, outubro 20, 2008

 

Uma boa entrevista.

Ouvi a entrevista na TVI com Manuela Ferreira Leite. O seu discurso tem racionalidade, é credível e inspira confiança. Não votarei nela, mas prefiro este tipo de discurso político que o insuportável da venda de banha de jibóia do Sócrates.

Não sei se Ferreira Leite vai ou não ganhar as eleições, mas, se a sua postura continuar a ser a que ontem manifestou, não tenho dúvidas que Sócrates vai ver-se à nora. E oxalá que sim! Estou farto do estilo de pregador do reino de deus com que o Primeiro-ministro nos entra pela porta dentro, sem pedir licença. Julgo que a grande maioria dos eleitores pensa como eu.

Quanto às sondagens darem preferência a PS, isso resulta mais da confusão que se nota no PSD do que dos anticorpos de Manuela Ferreira leite. Se a presidente do PSD começar a aparecer, talvez o ruído desapareça!

 

Cresce os que viram costas a esta democracia!

Mais de metade dos eleitores (53%) açorianos não votaram. Isto só pode ter um significado: os eleitores já não acreditam nesta democracia.

Os partidos não tendo ideologias, não têm propostas: são, por isso, todos iguais. Servem apenas para bandeira dos mesmos tipos (os que não sabem fazer outra coisa!) que aparecem sempre em todas as campanhas na procura de um lugar na mesa do orçamento. As siglas do PS e do PSD funcionam como os brasões medievais: temos os duques do PS e os barões do PSD.

E o que é que eles dicutem? O barão do PSD acusa o duque do PS de não saber falar inglês e o duque do PS responde ao barão do PSD que lhe dá sobre esta matéria umas explicações?!... A quem interessa estes "jogos florais"?!...

Os partidos já nada representam e nas eleições só nos saem duques ou barões.

Não há outra alternativa, nem se pode riscar, como nas listas abertas, os nomes desses feudais, até que nos suplentes apareça alguém que nos possa representar.

Que interesse terá votar nesta oligarquia?!

Sócrates está muito feliz, como não podia deixar de ser a um chefe oligárquico! Mas, mais de metade dos eleitores dos Açores já viraram costas a esta democracia. E esta atitude vai crescer. Não tenham dúvidas!...

sábado, outubro 18, 2008

 

Evoluir para onde?!...

António Vitorino defende uma «evolução no ideário socialista». Não se percebe a ideia!...

Mas já não se fez toda a evolução possível, ao ponto desse ideário ter caminhado para um lugar tão distante que ninguém o encontra?!...

Onde se vislumbra o ideário socialista, quando o Governo disponibiliza 20 mil milhões de euros para salvar os Bancos, sem contrapartidas, e para poupar três milhões de euros reduz os complementos de pensão de 256 mil antigos combatentes da Guerra Colonial, muitos deles, por servirem a sua pátria, com traumas de guerra que lhes inferniza a vida?!.... Onde se vislumbra o ideário socialista deste Governo, quando as pensões vitalícias dos ex-titulares de cargos políticos serão no próximo ano 8,35 milhões de euros e para cobrir o deficit o Governo reduz a participação em despesas com a saúde dos aposentados da Função Pública e, ainda, os obriga a pagar impostos sobre os descontos que durante toda a sua vida fizeram?!...

Será que António Vitorino ainda encontra um lugar mais distante para onde levar o tal ideário?!...

 

UM FARRAPO DE IDENTIDADE

Quando é que esta lua se descasca dos meus poemas?!
Esta zona de penumbra que vai da escola inglesa
À minha voz de barata?
A formiga empoleirada no grão de areia
Pouco se apercebe do meu titânico dilema de artista
E só tem olhos para o pé que levanto.
A abelha na sua errância doce peganhenta, se me avista
Dispara uma tangente zumbindo o seu escárnio.
A madrugadora andorinha, no seu voo seco,
Mal dispensa um olhar instantâneo às minhas penas.
O varredor dá de ombros, atira o fardo concreto
Para o camião dos salários e dos preços em subida;
O aprendiz da fábrica fecha o macacão
E aguarda a Chamada – sirene da fábrica;
O carteiro pedala a sua ronda; o soldado
Beija a namorada e corre a cumprir ordens.
Todos parecem conhecer seus eus
Mas eu como um louco insisto em decifrar
As marcas num farrapo de papel em branco
As marcas que vão ser o poema por detrás deste poema.
Dambudzo Marechera

Tradução de José Pinto de Sá.
Obs: Enviado por Amélia Pais

quarta-feira, outubro 15, 2008

 

No seu aniversário:

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, excepto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, segue-o!"

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Obs: Enviado por Amélia Pais

terça-feira, outubro 14, 2008

 

Estilo socrático!

Sócrates ficará na história como o campeão do embuste. A Escola Secundária André de Gouveia, em Évora, no final do ano passado tinha posto na arrecadação o quadro de ardósia e o giz. Tudo para que Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, com pompa e circunstância, pudessem inaugurar a revolução tecnológica da aprendizagem, com quadros interactivos, internet e tudo ao alcance de um clique.

No começo deste ano lectivo, a revolução clicou-se!... A interactividade do quadro mágico esvaiu-se, a internet ficou por pagar e os professores, com vantagem para os alunos, tiveram de retirar da arrecadação o velho quadro preto e o giz.
Como se vê, o estilo da revolução tecnológica socrática está a dar os seus frutos...

segunda-feira, outubro 13, 2008

 

Nobel da economia

Um crítico de Bush e da chamada “nova economia”, Paul Krugman, acaba de ganhar o Nobel de Economia. Este prémio deveu-se à sua análise "das tendências de comércio e da localização geográfica das trocas comerciais".

Paul Krugman, nos seus artigos no “The New York Times”, fartou-se de criticar o abandono de uma economia produtiva por uma economia (virtual) bolsista e baseada no progresso tecnológico.

Naturalmente, ninguém lhe deu muita importância. Não fazia moda esse debate!Agora, com a distinção do prémio Nobel, pode acontecer que até Sócrates (o vanguardista das novas oportunidades) comece a perceber que essa história de semear “magalhães” (o tal “computa” de duvidosa reputação) por todo o lado, pode não colher os votos que sonhou!

 

Caso único!...

Em Portugal há na política uma circunstância única no mundo: o maior partido da oposição não faz oposição, tem oposição. E Manuela Ferreira leite lá vai acalmando a oposição interna com o baixar pouco a pouco das bandeiras que ergueu do rigor, da honestidade e contra o populismo. Quando as tenta levantar, o problema surge: todos se lembram das cedências que já fez ao grupo de Santana Lopes e já ninguém a leva a sério.

Por favor: criem outros partidos!

sexta-feira, outubro 10, 2008

 

Espantoso ou talvez não!...

É, hoje, notícia: “ PS e PSD deixaram cair de vez a lei das inelegibilidades apresentada por Marques Mendes e aprovada pelos dois partidos em 2005”.

Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais e todos os valentins loureiros que por aí abundam podem recandidatar-se a presidentes de câmara. Têm a folha limpa para o efeito, como costuma dizer o major Valentim.

Cá, por mim, até devia ser curriculum obrigatório qualquer candidato a primeiro-ministro ter o curriculum desses senhores.

Quando todos os eleitores virarem costas às eleições, talvez os líderes do PS e o PSD comecem a ter vergonha de representarem os seus partidos e de compreenderem que a democracia está ameaçada pelo seu baixo nível.

 

“Consciência, consciência… diabo leve quem a roubou!...”

Fátima Felgueiras declarou ao Tribunal que está de “consciência tranquila”. Freud já dizia que a consciência é a voz da vizinha. Não é a Fatinha que tem uma grande lata: é a vizinha.

Este estilo marca o sentido da responsabilidade dos políticos. O mesmo faz Sócrates (o nosso Primeiro): sempre que o acusam de andar sem rumo, responde com os males do vizinho, neste caso o que fez a oposição há 3, 11 ou mais anos.

A minha avó tinha uma gata que se chamava consciência. Um dia a gata desapareceu e eu ouvia a minha avó chamar pela gata, num tom de desabafo: “consciência, consciência…diabo leve quem a roubou!...”


Assim vai a consciência de certos políticos, quebrada de vez em quando com atitudes, como a de Manuel Alegre. Este deputado, hoje, na Assembleia da República, não deixou a sua consciência no cabide do seu partido e rompeu com a disciplina de voto relativamente à proposta do casamento homossexual.

quarta-feira, outubro 08, 2008

 

Não se aguenta mais!...

A forma como esta Ministra da Educação tem tratado os professores (Ministra que praticamente não sabe o que é uma escola, pois andou de ano sabático em ano sabático, até passar de professor primária a professora universitária), está a dar os seus resultados.

Os professores, submersos nas escolas por uma irracionalidade burocrática e esquizofrénica, sem possibilidades de erguer a cabeça para com dignidade e sentido profissional preparar e programar o objecto da sua profissão (ensinar), vão pedindo a sua reforma antecipada.

Refere o JN: "Em 2008 já se reformaram quase quatro mil professores e educadores de infância. E, apesar de perderem regalias, cada vez mais optam pela reforma antecipada. Só no mês passado houve 510 docentes a reformar-se (…) Em média reformam-se à 400 professores por mês”.

Naturalmente, a propaganda de Sócrates fala de um outro realidade, mas o que se passa neste País não deixa dúvidas: a vida de professor é um calvário e já ninguém gosta de exercer esta profissão.

Sem professores que gostem da sua profissão, que sentido fará uma escola, que referências ficarão para os alunos?

Sócrates não sabe o que é isto: passou pela Universidade Independente e fez exames por fax. Mas, quem tem a memória dos tempos de escola, do significado que teve para a sua vida os professores que davam testemunho de gostarem da sua profissão, não ignora as perversas consequências desta política da educação.

Dizem-me que o mesmo está acontecer, nos Centros de Saúde, com os médicos. É natural!... Este Governo não estimula quem serve o País e só é bom para os boys que rodopiam o centrão que nos vai (des)governando.

terça-feira, outubro 07, 2008

 

Interesse do Estado?!...

No entender de Bush, Kosovo serve para legitimar a maior base militar dos E.U. na Europa, mas para os interesses dos europeus nunca deveria ter justificado uma guerra e muito menos ser reconhecido como um País. Por alguma razão após deixar de ser uma província da Sérvia se tornou no maior centro de corrupção, de traficantes e de máfias criminosas.

Para além das razões que presidem à integridade das nações, poderemos chamar a isto um país?!...

No entanto, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros que "é do interesse do Estado português proceder hoje ao reconhecimento do Kosovo”.

O que significará “interesse do Estado” para Luís Amado?!...

segunda-feira, outubro 06, 2008

 

Crise de sentido de Estado.

A Autoridade da Concorrência vai, hoje, à Assembleia da República pronunciar-se sobre a questão da concorrência no mercado dos combustíveis.

Esta entidade reguladora não encontrou “cartelização” de preços. Entretanto, o Automóvel Clube de Portugal, por certo desconfiado do trabalho da A.C., pediu um estudo a especialistas do mercado dos combustíveis que acabou por concluir o que sempre pareceu evidente: existe uma combinação de preços entre as várias gasolineiras.

Já tínhamos percebido que a Autoridade da Concorrência não tinha autoridade nenhuma. Será que vai ser extinta ou os indivíduos que a compõem pedem a sua demissão?!...

É muito natural que o problema fique pela retórica habitual e nem uma coisa nem outra aconteçam.

A ideia de interesse público que dá sentido de Estado perdeu-se.

Vivemos uma profunda crise!

sexta-feira, outubro 03, 2008

 

Não percebo!...

Diz Sua Santidade, Bento XVI: “Os casais que usam o método contraceptivo estão a negar a verdade do amor conjugal”.

Falará sua santidade para os casais desempregados, para os desesperados da vida, para os traídos pela progresso, para os que não sabem como sustentar os filhos, educá-los e dar-lhes o mínimo de dignidade de vida?!...

E a verdade do amor conjugal reduzir-se-á à relação sexual?!...

Confesso: casado há mais de trinta anos com a mesma companheira, só com dois rebentos, vou dando conta da falta de convicções na biblia matrimonial e da perda de fé na verdade Papal.

 

BPN já cobra comissões na sua rede de ATM PAULA CORDEIRO

São apenas 77 caixas automáticas, de um universo de 13 mil ATM, mas pode ser um precedente importante.
Quem levantar dinheiro na rede NetPay paga como se estivesse no estrangeiroLevantar dinheiro numa caixa automática pode dar direito ao pagamento de uma comissão. Isto se o consumidor o fizer numa das 77 ATM da rede NetPay.
A revelação da cobrança desta comissão é feita pelo próprio dono da rede NetPay - o Banco Português de Negócios (BPN).
Em resposta a um e-mail que circula na Internet, o banco emitiu um esclarecimento explicando que são aplicadas taxas se o levantamento for feito com "cartões com a marca Multibanco e que são normalmente emitidos sob uma insígnia internacional - Visa ou Mastercard - que funcionam a crédito e a débito (vulgarmente designados por duais ou mistos) e permitem que em ATM Sibs (Multibanco) o cliente possa efectuar levantamentos a débito (default) ou a crédito".Ora, estes cartões correspondem a mais de 90% dos que circulam em Portugal, ou seja, cerca de 18 milhões.

Trata-se daqueles que ostentam a marca Multibanco e são também Visa/Electron ou Mastercard/Maestro. Permitem levantar dinheiro a débito em Portugal e no estrangeiro e funcionam como cash-advance (levantamento a crédito), operação sujeita a comissão.No caso dos levantamentos feitos com estes 18 milhões de cartões nas 77 ATM da rede NetPay, estes "são considerados pelas entidades emissoras dos cartões como cash-advance e são comissionados como tal pelas entidades emissoras dos referidos cartões".

A NetPay não usa o processador nacional, a Sibs, e processa as suas operações no exterior. O BPN, que não adianta o valor da comissão, diz que estas são cobradas pela Visa ou Mastercard. Mas não alerta os utilizadores da sua rede de ATM para o facto de estarem a pagar uma taxa sobre a operação.

DN de hoje, dia 3 de Out.

quarta-feira, outubro 01, 2008

 
A nossa amiga Amélia Pais vai apresentar, no próximo dia 11 de Outubro, Sábado, pelas 17h30m, na Livraria Arquivo (Av. Combatentes da Grande Guerra, 53- Leiria) mais um livro: Padre António Vieira - O imperador da Língua Portuguesa.

Não consegui transpor para aqui o convite. Tenho pena de não poder estar , nesse dia, em Leiria, mas comprarei o livro. Deixo, no entanto, uma sugestão: apareçam que Amélia Pais merece bem a nossa presença!

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